Alimentos Transgênicos, uma nova era
Ricardo Alexius*
Os transgênicos são produtos criados pela engenharia
genética a partir da introdução de genes de determinados organismos em outros
seres vivos, que jamais se cruzariam naturalmente. Essa nova tecnologia
permite, por exemplo, introduzir um gene humano numa ovelha, ou um gene de
peixe, bactéria ou de vírus em espécies de soja, milho ou tomate.
Empresas denominadas de biotecnologia passaram a
desenvolver plantas e animais através destas modificações, visando alterar
certas características, como por exemplo um aumento de produtividade, ou então
maior resistência à seca, o que é muito bom.
Ocorre, porém, que estas poderosas multinacionais,
visando seus próprios interesses, realizaram trabalhos de modificação genética
principalmente no intuito de multiplicar seus lucros. Note-se que as detentoras
da patente destas sementes são também produtoras de agrotóxicos e, pasme, de
medicamentos.
Desde 1999, foi forçada no Brasil a introdução da
soja Roundup Ready. A transnacional Monsanto se impôs, mesmo com a legislação
brasileira impedindo o cultivo. Os estudos de alimentação de ratos com
transgênicos, que causou a morte prematura de 50% dos machos e 70% das fêmeas,
foi camuflado.
Os argumentos dos defensores dos cultivos
transgênicos anunciaram a elevação das exportações e o combate à fome. Aos
agricultores foi prometida muita coisa: a produtividade aumentaria, a
resistência das plantas ao herbicida reduziria o uso de agrotóxicos, diminuindo
os custos e aumentando os lucros, dando de brinde inestimáveis benefícios ao
ambiente, melhorando a qualidade dos alimentos. Ledo engano!
O aumento da produtividade não foi verificado.
Quanto à diminuição do uso de agrotóxicos, não houve engano, mas sim uma grande
farsa premeditada. Hoje sabemos que os agricultores, ludibriados por técnicos
comissionados, compram sementes de milho transgênico Bt ─ que têm um preço cinco vezes
maior que o convencional ─
e têm de fazer três aplicações de veneno para controlar a lagarta do cartucho.
Este milho, segundo os técnicos, deveria ser resistente a esta praga.
Portanto, houve, sim, um aumento. Houve aumento no
consumo de pesticidas, no custo de produção, e nos lucros dos fabricantes e
vendedores dos produtos químicos.
As promessas de maiores ganhos ao plantador também
se foram... junto com as promessas de alimentos e um meio ambiente mais
saudáveis.
Com os transgênicos, entramos numa nova era. Uma era
em que não sabemos mais o que comemos. Uma era em que você não sabe por que o
seu animalzinho de estimação fica frequentemente doente. Uma era em que você
acredita que aquela irritação nasal é mudança climática... justamente na época
da florada do milho transgênico. Uma era em que um familiar seu está sendo
tratado de câncer, e você acredita que ele tinha “propensão genética” para
isso, pois você já perdeu outro familiar por causa do câncer!
*Zootecnista - Especialista em Ciências e Educação Ambiental - Medianeira, PR
Artigo publicado no Jornal Nossa Folha, de Medianeira, PR, 28/05/2014, página 6.