Breve: Louva-a-deus, um inseto mal compreendido

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Nelson Rassi: Produtos de limpeza podem causar obesidade.

Médico endocrinologista que participou de congresso sobre obesidade na capital paulista no dia 26, diz que compostos presentes em produtos de limpeza, agrotóxicos e até na soja alteram função e produção hormonal.
Obesidade pode não ter origem somente alimentar
Alguns compostos comuns no dia-a-dia, presentes em coisas que vão desde produtos de limpeza, plásticos e agrotóxicos até metais e plantas, são capazes de alterar o metabolismo humano e causar obesidade, de acordo com o endocrinologista Nelson Rassi, do Hospital Geral de Goiânia.
Essas substâncias, chamadas de "disruptores endócrinos", alteram tanto a função quanto a produção hormonal e aumentam a gordura abdominal, afirmou o médico em um simpósio realizado nesta quinta-feira (26) durante o 14º Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica, em São Paulo.
Compostos como esses são encontrados em diversos produtos industriais ou farmacêuticos e, quanto mais jovem for a pessoa - ainda criança ou na vida intrauterina -, mais suscetível ela está.
"As leis devem ser mais rígidas em relação aos produtos cujos efeitos desconhecemos, principalmente os destinados ao público infantil", disse Rassi.
A exposição ao "bisfenol A", um dos componentes que revestem o plástico, sobretudo de mamadeiras e alimentos industrializados para bebês, demonstrou um aumento de obesidade em ratos. No organismo, a substância simula a ação do estrogênio e pode desregular o sistema endócrino. Exames revelam que 95% das crianças e dos adolescentes nos Estados Unidos têm essa substância na urina.
Por ano, os EUA produzem 800 mil toneladas de bisfenol A, que já foi proibido em países como Canadá, Costa Rica, Dinamarca e deve ser banido ainda este ano da União Europeia. No Brasil, a substância é encontrada em garrafas plásticas e mamadeiras.
Trabalhos mostram que esse composto eleva a resistência do corpo à insulina - uma das causas da diabetes -, o índice de massa corporal (IMC) e casos de câncer e infertilidade.
"A tendência é proibi-lo, mas precisamos de meios alternativos. Teríamos que voltar, por exemplo, às mamadeiras de vidro, mas as mães temem acidentes", afirmou o médico.
Rassi citou outro produto como possível causa de obesidade: um composto químico denominado "ftalato", utilizado em brinquedos e banido da Europa em 1999 e dos EUA em 2008. O produto continua sendo aplicado em perfumes, laquês, embalagens e revestimento de paredes.
O médico mencionou, ainda, a "genisteína", um derivado da soja, e o fungicida "tributilina", usado na preservação de madeiras, que têm sido apontados como responsáveis pelo ganho de peso em animais.
Por fim, Rassi citou a ação de um estrogênio sintético chamado "dietilbestrol", que foi amplamente usado para impedir abortos espontâneos e proibido na década de 1970. Além de aumento de peso, ele pode causar câncer, problemas reprodutivos e de desenvolvimento uterino. E todos esses produtos listados podem ficar no organismo durante anos após a exposição.

Falta de cálcio e vitamina D
Outra causa não clássica de obesidade pode estar na deficiência de cálcio e vitamina D. Cerca de 1 milhão de pessoas no mundo têm falta dessa vitamina, e entre os adultos o problema chega a atingir de 30% a 50% da população.
Segundo o endocrinologista Luiz Henrique Griz, de Recife, estudos sugerem que níveis abaixo de 15 ng/ml (nanogramas por mililitro) podem ter ligação com o aumento da resistência à insulina. Mas esse ponto de corte - quando a deficiência começa a fazer mal - ainda não está claro para a ciência.
Griz afirmou, ainda, que pesquisas revelam que o baixo consumo de cálcio também pode desencadear quadros de obesidade.

Flora intestinal
Além disso, a doença pode estar ligada à flora intestinal, como sugeriu no congresso o endocrinologista Mário José Saad, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Essa flora é determinada por vários fatores: se a criança nasceu de parto normal ou não, qual foi seu peso ao nascer e sua alimentação no primeiro ano de vida, além de questões genéticas e ambientais.
Algumas bactérias que predominam no intestino ajudam a quebrar as moléculas de comida. Entre os obesos, a proporção desses micro-organismos é menor. E, de acordo com o médico, um indivíduo que passa por uma cirurgia de redução de estômago tem sua flora alterada depois disso.

Fonte: midiacon.com.br

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Carta ao Município de Medianeira

Medianeira, à Rua Santa Catarina, nº 1999, aos 5 de maio de 2011

Até ontem, eu gostava muito de chegar de manhã ao meu trabalho. Era um local acolhedor, arejado, bons colegas, um trabalho digno conquistado após fadigosa preparação e prestação de concurso público. Os bons colegas e a dignidade do trabalho continuam, mas o ambiente mudou...
O local tem uma ampla janela no segundo piso, e periodicamente a gente podia esticar os músculos na sacada do prédio, ver um pouco do movimento da rua, pegar uma réstia de sol que teimava em trespassar a densa ramagem das árvores onde os passarinhos vinham a cada poucos minutos trazer comida aos filh... ah, fodam-se os pássaros, eles cagam!
Hoje, na calada da madrugada, eles foram acordados pelo áspero e cavernoso ronco das motosserras, pouco antes de sucumbirem no asfalto. As enormes árvores tombaram.
Ficou bonito sem as folhas atrapalhando...
Hoje o ambiente de trabalho não é arejado, pois as cortinas devem ficar fechadas. Uma sensação de clausura paira no ar. O sol é forte, e não vou à sacada para tomar ar fresco. Quem sabe amanhã, se eu lebrar de trazer meus óculos escuros e aplicar protetor solar. Mas ir à sacada para quê, afinal? As pessoas não passam mais tranquilamente na calçada, não olham mais para cima para dizer olá. Quem estaciona, sai do carro com pressa por causa do sol, o para-peito é quente e os passarinhos sumiram.
Até o barulho dos motores é maior, principalmente dos velhos ônibus verdes com a escrita "escolar". A fuligem da sua fumaça sobe e vem direto na nossa cara.
Não é só a sombra da árvore que traz benesses, é a sua presença, sua energia repleta de paz. Em seus galhos mais altos o mundo sussurra. Suas raízes descansam no infinito. Elas fazem falta. Seu desaparecimento tão repentino traz uma sensação de... velório. Nada é mais sagrado, nada é mais exemplar do que uma árvore.
As árvores são santuários. Quem sabe como falar com elas, e quem saber ouvi-las, pode aprender a verdade. Elas não pregam a aprendizagem ou preceitos. Elas pregam, sem se abalar, a antiga lei da vida.
Mas quem fez o famigerado trabalho? O corte foi solicitado ao Poder Público. Alguém lá do Poder Público nos falou que não havia possibilidade de autorizar tal barbárie. Um "terceirizado" derrubou, picou e carregou a lenha, os funcionários da prefeitura trituraram os galhos finos, as folhas e os filhotes dos columbiformes.
Mas e os motivos do crime? Há motivos, sim. Plausíveis, não!
Uma sobrou pela "poda (i)racional"
As versões:
A versão do Poder Público: "nós só autorizamos a poda";
A versão do proprietário: "eu só pedi pra podar um pouco os galhos perto da parede, foi o terceirizado que derrubou tudo";
A versão dos servidores da prefeitura: "o terceirizado que cortou, nós só estamos triturando as folhas e e os passarinhos";
A versão do terceirizado: "me mandaram cortar, o meu pagamento é a lenha, quanto mais der, melhor pra mim";
A versão da mulher do proprietário: "fui eu que plantei";


A versão da árvore: "lutei com toda a força de minha vida para uma única coisa: realizar-me de acordo com minhas próprias leis, para construir a minha própria forma e servir a todos os seres que necessitassem. Fui cortada mas revelo a minha morte ferida nua para o Sol, pode-se ler a minha história inteira no disco luminoso, inscrito em meu tronco: nos anéis das minhas três décadas, minhas cicatrizes, toda a minha luta, todo o meu sofrimento, todas as minhas doenças, toda a minha felicidade e prosperidade estão realmente escritas, os anos difíceis e os anos de luxo, os ataques resistidos, as tempestades vencidas. Eu fui a vida da vida eterna. A tentativa e o risco que a mãe eterna tomou comigo era único, exclusivas as formas e as veias da minha pele, única a menor das folhas em meus galhos e a menor cicatriz da minha casca. Eu fui criada para formar e revelar o eterno em cada um dos meus pequenos detalhes. Minha força era a confiança. Não sei nada sobre meus pais, eu não sei nada sobre os filhotes que a cada primavera nasciam de mim. Eu vivi o segredo da minha semente até o fim, e eu não me importo com nada além disso. Eu penso que o meu trabalho era sagrado. É dessa confiança que eu vivia. Quando eu via um homem ferido, não podendo mais suportar sua vida, então eu dizia a ele: atenção! Atenção! Olhe para mim! A vida não é fácil, a vida não é difícil. Esses são pensamentos infantis."
A ferida exposta que conta a história
Hermann Hesse escreveu: "a árvore sussurra à noite, quando estamos inquietos diante dos nossos próprios pensamentos infantis: árvores têm pensamentos longos, uma respiração longa e tranquila, assim como elas têm uma vida mais longa que a nossa. Elas são mais sábias do que nós, enquanto nós não as ouvirmos. Mas quando aprendemos a ouvir as árvores, a brevidade e a rapidez e a pressa infantil de nossos pensamentos alcançam uma alegria incomparável. Quem aprendeu a escutar as árvores já não quer ser uma árvore. Ele não quer ser nada, exceto o que ele é. Isso é estar em casa. Isso é a felicidade.

Ricardo Alexius

Protocolado no Município de Medianeira
nº 2011/5/2725
em 06/05/2011
Assunto : 26 MEIO AMBIENTE

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Óleo de canola é venenoso!

Canola Transgênica: a planta que Deus não criou
Vemos diariamente na mídia matérias incríveis sobre determinados tipos de alimentos que "devem" ser consumidos todos os dias, e que irão produzir verdadeiros milagres. Se você ficar um dia inteiro em frente à TV e anotar direitinho, vai ter que comer no outro dia 20 sementes de abóbora como vermífugo, uma fatia de melancia como diurético, um mamão papaya e quiabos para a fibra, um tomate para o licopeno, uma laranja contra a gripe, suco de maracujá contra o estresse, arroz e macarrão como energéticos, um bife magro para a proteína, um filé de peixe do mar grelhado para ômega-3, feijão contra a anemia, um ovo para a albumina, a proteína mais digestível do planeta, um abacate contra a osteoporose, uma sopinha de pés de galinha, fonte de colagina para a pele (obviamente temperada com açafrão, gengibre, noz moscada e pimenta para os males do coração), uma cenoura para os olhos, um pote de gelatina para fortalecer as unhas e os cabelos, uma banana contra a câimbra, um pouco de jaca, pinhão, giló, pimentão verde, um vermelho e um amarelo (porque azul ainda não tem), tudo regado a uma (só uma!) taça de vinho tinto para combater os radicais livres e uma maçã para o bom hálito. O total perfaz em torno de 8 quilos, mas você precisa se alimentar.
Ah, faltou a salada verde regada a óleo de oliva ou canola. Hum, canola?
A canola é mais uma destas coisas modernas, que mostram como a ciência conduzida por mentes macabras pode ser perigosa para a saúde coletiva.
Afinal, o que é canola, que nem consta nas encicoplédias? Na Eniclopédia Britannica, canola é novo nome da Colza. Colza? Novo nome? Que estória é essa? Não gosto muito da Wikipedia, pois qualquer inepto pode escrever nela, mas lá diz que o óleo de canola não deve ser ingerido por causa de sua toxicidade e não deve ser confundido por Colza, visto que é de origem geneticamente transformada. Canola  é uma marca registrada canadense (1978), desenvolvida por dois cientistas canadenses, Baldur Stefansson e Richard Downey, e o Canola Council of Canada diz que o nome Canola não é um acrônimo, mas simplesmente significa "óleo canadense".
A Colza é uma planta da família das mostardas, a mesma planta que foi usada na produção do agente mostarda, gás letal usado de forma terrível na Guerra Mundial. O óleo de colza é utilizado como substrato de óleo lubrificante, sabões e combustível, sendo considerado venenoso para coisas vivas. É ótimo repelente (diluído em água) de pragas em jardins. Este poder tóxico é proporcionado pela alta quantidade de ácido erúcico que ela contém em sua composição. Tem sido usado de forma alimentar no Extremo Oriente, na forma não refinada, e contrabalançada com uma dieta rica em gordura saturada, o que evitaria seus graves efeitos tóxicos.
O objetivo no Ocidente, no entanto, era se produzir um óleo com pouca gordura poliinsaturada, e boa quantidade de ácido oléico e omega-3. O óleo de oliva tem estes predicados, mas sua produção em larga escala é de alto custo.
Monsanto e o Agricultor: bom relacionamento
Entram em cena, então, empresas de "ótimas intenções", como a Monsanto, que produz uma variação transgênica da colza. Para evitar problemas de marketing, usa o nome CAN-OLA (Canadian oil, ou óleo canadense). A canola, portanto, é absolutamente transgênica. Sua comparação aos benefícios do azeite de oliva não passa de uma estratégia de venda. O óleo de oliva é bem mais caro, mas a canola é o mais caro de todos os outros óleos, apesar de ser de produção baratíssima! Bom negócio, afinal.
Foi publicado recentemente um relato muito interessante de um médico estudioso indignado sobre as coisas que descobriu sobre a canola: The truth about canola oil.
Se você não queria usar transgênicos sem seu expresso consentimento, mas já usou o óleo de canola, talvez até aconselhado pelo seu cardiologista ou nutricionista, fazer o quê? Perdemos o direito desta opção quando nos foi retirado o direito à informação, ou quando nos foram passadas informações mentirosas. Mas se é tão bom como o agronegócio diz, porque não informar tudo a respeito? Por que resistir tanto à rotulação de transgênicos?
Se observarmos bem, podemos perceber que o óleo de canola deixa um cheiro rançoso nas roupas, pois é muito facilmente oxidado, e seu processo de refinamento produz as famigeradas gorduras trans (o mesmo problema das margarinas), relacionadas a graves doenças, incluindo o câncer. Produz déficit de vitamina E, antioxidante natural.
Alimentos feitos com canola emboloram mais rapidamente. As pequenas quantias de ácido erúcico que ainda persistem na planta alterada continuam sendo tóxicas para o consumo humano, e esta ação tóxica é cumulativa. Existem relatos de inúmeras outras enfermidades ligadas à ingestão e até mesmo à inspiração de vapores de canola (provável vínculo com câncer de pulmão).
Um site estadunidense bem holístico sobre cuidados de saúde para pessoas e animais diz que o óleo de canola é o mais tóxico de todos os óleos vegetais usados na alimentação, cem vezes mais tóxico que o óleo de soja transgênica.
A canola também é bom exemplo de como funciona o esquema das mega-empresas de biotecnologia. Em abril de 2002, nos Estados Unidos, o Centro de Segurança Alimentar (CFS) e o Alerta de Alimentos Geneticamente Produzidos (GEFA) pediram uma investigação criminal contra a Monsanto e a Aventis, e contra o Departamento Americano de Agricultura (FDA), que haviam permitido o ingresso ilegal de sementes de colza modificada para dentro do território americano antes da aprovação legal desta importação para produção local.
Tudo funciona da mesma forma lá e aqui. A própria liberação da canola no território americano contou com estímulo de US$50 milhões do governo Canadense para que o FDA (órgão regulador) facilitasse seu ingresso na indústria alimentar de lá, mesmo sem os adequados estudos de segurança em humanos.
Novamente nos defrontamos com uma situação em que o poderio econômico atropela o bom senso entre ciência e saúde, e é muito mais persuasivo do que os interesses dos consumidores.
O pior disso tudo é que não podemos contar com os meios de informação, que sistematicamente informam o que interesses maiores julgam mais oportuno. O caso canola, com certeza, é uma pequena fração do mundo obscuro do agronegócio e seu capitalismo científico, que pesquisa fontes de enriquecimento muito mais entusiasticamente do que as verdadeiras fontes de saúde e vida!

Outras fontes:
Central de Segurança dos Alimentos dos EEUU
Georgia Evironmental Finance Authority
Centro de Mídia Independente Brasil

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Jornal El País lamenta "novo " Código Florestal

Há!
É com tristeza que divulgamos.
O Brasil é notícia no El País, jornal de maior tiragem da Espanha, sediado em Madrid.
Intitulada "Desmatadores impunes na Amazônia" (clique para ler), a matéria do jornal com mais de 500 mil exemplares diários fala que o Brasil se prepara para "conceder uma anistia geral aos responsáveis pelos desastres ecológicos cometidos em seu vasto território", através da apresentação do relatório de Aldo Rebelo, propondo mudanças no Código Florestal Brasileiro.
A notícia aponta que os deputados ruralistas, que defendem os intereses do setor agropecuário, inclusive em detrimento ao meio ambiente, são numerosos no congresso e no senado, e provavelmente obterão êxito em seu intuito, inclusive promovendo a redução das margens preservadas dos rios.
"O conjunto não pode ser mais desolador para os setores ecologistas, que qualificam o novo código de 'retrocesso histórico'. Obviamente, no olho do furacão se situa a Amazônia", diz o periódico.
O artigo também ressalta que o mais grave é que desde o ponto de vista simbólico ou político, esta reforma beneficia a todo aquele que desmatou ilegalmente até julho de 2008, e isto servirá de estímulo para novos crimes ambientais.
Nos cálculos do Greenpeace, a anistia que se pretende dar aos delituosos contra a vegetação brasileira resultaria numa perda de arrecadação de 8 bilhões de reais. O Ministério do Meio Ambiente eleva esta cifra a 10 bilhões.
Segundo El País, "estas pessoas ganharam muito dinheiro com estes delitos e agora vão ganhar em dobro, já que vão perdoar a multa. É uma tremenda injustiça com os verdadeiros agricultores, que fazem enormes esforços para se adaptarem e cumprirem a legislação ambiental".

Agradecimento: agradeço à senadora Kátia Abreu, do DEM, por me avisar sobre a edição desta notícia no El País, ao lamentar em artigo infame a posição daquele jornal!