Breve: Louva-a-deus, um inseto mal compreendido

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Carta Final da 10ª Jornada de Agroecologia

Este Blog repassa para sua merecida divulgação a íntegra da Carta Final da 10ª Jornada Internacional de Agroecologia, realizada em Londrina, PR, de 22 a 25 de junho de 2011.
O evento contou com a participação de mais de 4 mil integrantes, de toda a América do Sul, visando discutir os problemas do agronegócio e construir um projeto popular para a agricultura ecológica, procurando disponibilizar a todos uma Terra livre do latifúndio, de transgênicos e de agrotóxicos:

Nós, mais de 4 mil participantes da 10ª Jornada de Agroecologia, vindos de diferentes regiões do Brasil e de outros países da América Latina, reunidos na cidade de Londrina/Paraná – Brasil, entre os dias 22 a 25 de junho de 2011, reafirmamos nosso compromisso com a Agroecologia e assim damos continuidade à nossa luta por uma Terra livre de latifúndios, sem transgênicos e sem agrotóxicos, e pela construção de um Projeto Popular e Soberano para a Agricultura.
No dia a dia, os camponeses e as camponesas seguem construindo a agroecologia em sistemas produtivos sustentáveis que garantem soberania alimentar e contribuem decisivamente com a superação das crises alimentar, climática e energética.
Esta luta cotidiana da afirmação da agroecologia não conta com políticas públicas estruturantes, como reforma agrária, educação do campo da primeira infância à universidade, pesquisa científica e assistência técnica, infraestrutura social e produtiva com fomento à produção, agro industrialização e comercialização, de modo a potencializar os excelentes resultados com programas governamentais, ainda parciais e isolados, como o PAA, PNAE e PRONERA.
Em oposição ao campesinato e à agroecologia, o Estado segue patrocinando majoritariamente a reprodução e a expansão do agronegócio que concentra terra, impede a reforma agrária e os direitos territoriais dos quilombolas, povos indígenas e comunidades tradicionais; situa-se, desde 2008, como o maior usuário mundial de agrotóxicos, com 6 litros de veneno por pessoa/ano, vem impondo os transgênicos, ampliando o domínio das transnacionais sobre a agricultura e os agricultores, mercantiliza a natureza, destrói a biodiversidade com os monocultivos, a pecuária extensiva e a eliminação das florestas nativas, utiliza-se do trabalho escravo e da criminalização e assassinato de lideranças camponesas, indígenas e ambientalistas.
É no âmbito dos seus interesses e da ampliação do lucro que o agronegócio age pelo desmantelamento do Código Florestal, impõe barreiras à proibição de agrotóxicos comprovadamente carcinogênicos, teratogênicos e desreguladores endócrinos já banidos em muitos países, hegemonizaram o controle da CTNBIO para aprovar transgênicos violando o princípio da precaução, atacam a moratória internacional contra a liberação das tecnologias “terminator” – “exterminador” na tentativa de aprovar projetos de lei no Congresso Nacional, e desarticulando as políticas públicas, especialmente ambientais, no intuito de impor a mercantilização da biodiversidade.
Por uma agricultura camponesa agroecológica sustentável e a soberania alimentar, nós, participantes da 10ª Jornada de Agroecologia reivindicamos dos Governos dos Estados e Federal:
1 – Criação e implementação imediata de políticas públicas estruturantes à promoção da agroecologia;
2 – Implementação de políticas públicas que efetivem a legislação ambiental atual e derrubada no Senado Federal do PL do “Código do Desmatamento”, aprovado na Câmara Federal;
3 – Banimento de todos os agrotóxicos e de imediato dos 14 princípios ativos já comprovados pela ANVISA como perniciosos à saúde e ao meio ambiente em total desacordo com a legislação vigente;
4 – Manter a Moratória Internacional contra a liberação das tecnologias “terminator” – “exterminador”, não aprovando o Projeto de Lei em tramitação na Câmara Federal que preconiza a legalização da tecnologia das sementes estéreis;
5 – Fazer cumprir o princípio da precaução e a legislação de rotulagem dos produtos com transgênicos, combater o monopólio das empresas transnacionais sobre as sementes e a contaminação genética com transgênicos, e revisar as normas e liberações das cultivares transgênicas;
6 – Garantir política pública de proteção aos defensores e defensoras de Direitos Humanos ameaçados/as e combate à criminalização dos Movimentos Sociais e à violência e impunidade no campo;
7 – Na Conferência Internacional da ONU – RIO +20, a se realizar em junho de 2011 no Brasil, afirmar que o caminho para a conservação e uso sustentável da biodiversidade não passa pela privatização e mercantilização dos bens comuns.
Londrina, Paraná, Brasil, 25 de junho de 2011
Anexos:

terça-feira, 12 de julho de 2011

Animais "úteis" x humanos "inúteis"

Ao ter a desagradável oportunidade de ver uma diretora de escola da região dizer que “teria de fazer uma rifa e assim angariar fundos para pagar uma dedetizadora a fim de matar os vampiros que havia no forro da escola”, este sôfrego blogueiro desencadeou pesquisa a ponto de elaborar um artigo a título de colaboração e esclarecimento.
Existe há séculos uma cultura de mitos em torno de animais selvagens e as “demoníacas atrocidades” por eles cometidas. Na concepção de muita gente, o louva-a-deus possui mais veneno do que uma cobra cascavel, a cobra-cega morde e é venenosa, o morcego insetívoro chupa sangue enquanto a gente dorme, e o ouriço lança espinhos nos seus olhos a uma distância de quase dez metros!
Ao fazer a pesquisa acima citada, confirmamos o fato explicado verbalmente à professora, de que os morcegos que habitam pacificamente o sótão são frugívoros e insetívoros. Ao saírem à noite para se alimentar, somente um deles é capaz de comer 600 mosquitos em uma hora, ou mais de 3.000 numa noite.
Felizmente há muitos profissionais nas escolas que sabem disso e repassam a verdade às crianças.
Este blog trará em breve, no tópico CURIOSIDADES, artigos diversos, a exemplo de  "Gambá, um mamífero mal compreendido", e "Barata, um inseto mal compreendido", para que mitos não transformem tantos animais importantes em vítimas de barbáries.
Encontramos também este precioso texto na página da Associação Nacional dos Amigos da Educação, pelo Professor Luiz Eduardo Corrêa Lima, o qual transcrevemos.
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Animais “úteis” x humanos “inúteis” 

Luiz Eduardo Corrêa Lima (54) é Professor Titular de Biologia da FATEA/Lorena/SP - Biólogo (Zoólogo), Professor, Escritor e Ambientalista. Membro Fundador da Academia Caçapavense de Letras e atual 1º Vice-Presidente. Foi Vereador e Presidente da Câmara Municipal de Caçapava.
Uma professora falando com um grupo de alunos de Ensino Fundamental, sobre um assunto que imaginava estar sendo tratado de maneira diferente nas escolas.
A professora dizia aos alunos sobre os “animais úteis” ao homem, algo lamentável e que, pelo visto, ainda há muita gente pensando, e o que é pior, ensinando isto às crianças.
Historicamente, desde o momento que o ser humano nasce ele é levado a entender que há “animais úteis” e outros não.
Mais tarde, quando a criança entra na escola, lamentavelmente o ensinamento errado é reforçado pelos professores no início de sua formação.
Ora, se alguns animais são considerados úteis, isso implica em que outros sejam inúteis, uma conclusão simples e lógica. Alguns ainda vão mais longe: “já que esses animais são inúteis, então vamos acabar logo com eles”.
Pois é, ao longo do tempo, fizeram isso, trabalharam para destruir e matar os animais considerados “inúteis”, tentando aumentar as populações dos “úteis”.
Por exemplo, historicamente supervalorizamos as galinhas, pois elas fornecem carne e ovos, além de outras coisas de menor destaque e sub-valorizamos os gambás porque não fornecem aparentemente nada, e se, por acaso, resolve comer algumas galinhas, a coisa fica feia e desanda de vez. Porque o gambá, além de inútil, passa a ser visto como um inimigo cruel comedor das pobres aves amigas.
O pior, ganha o “status” de “animal nocivo” - muito mal visto, caçado e destruído sem nenhuma justificativa, apenas por ser um gambá.
Considerando que a Educação Ambiental é hoje a expressão de ordem nos projetos educacionais, é inadmissível que ainda existam professores com essa visão errada, passando esse tipo de informação aos seus alunos. E pior ainda quando se está num país de mega-biodiversidade.
Aliás, sempre é bom lembrar que o Brasil é o país que detém a maior biodiversidade do planeta, com cerca de 20% das espécies vivas da Terra. Ou seja, para quem pensa em utilidade dos animais, países como o Brasil têm muito animal inútil.
Essa questão de utilidade dos animais nem de longe pode ser considerada verdadeira e foi por mim abordada num trabalho que publiquei há 13 anos (LIMA, 1997), ao que parece ninguém leu, ou estava muito interessado nesse assunto. De lá para cá nada mudou.
Talvez, naquela época a Educação Ambiental não estivesse na “moda”. Porém, hoje, não dá mais para entender que nas escolas primárias continuem falando em animais úteis e inúteis para as crianças, principalmente quando se enfatiza a necessidade de destaque e apoio à Educação Ambiental.
Naquele artigo, eu já dizia que é preciso mudar essa mentalidade de que os animais são bens da natureza doados por Deus ao homem para sua utilização.
Certamente ninguém leu esse trecho, ou se leu deve ter imaginado que eu era mais um louco blasfemando contra Deus. Não sou contra Deus e nem estou louco. Mas, insisto que devemos abandonar essas afirmações de “animal útil” e de “animal nocivo” o mais rápido possível nas escolas do ensino fundamental.
Assim poderemos produzir homens melhores que respeitem relacionamento com os demais organismos vivos, particularmente os animais, fundamentais ao desenvolvimento e à manutenção da vida no planeta.
Todas as espécies animais e vegetais, sem exceção, são importantes para o planeta. Caso contrário a natureza não as teria selecionado e elas não existiriam.
Essa nossa antiga conceituação sociológica de que existem animais úteis e inúteis precisa ser esquecida e apagada no ensino escolar para que as crianças sejam esclarecidas e colaborem na preservação dos seres vivos na natureza.
Se existirem entidades biológicas inúteis no planeta, devem ser seres humanos que continuam ignorando a boa relação com os animais.

Referências Bibliográficas
LIMA, L. E. C., 1997. A Educação Ambiental e a Utilidade dos Animais: um Contrassenso Sociológico e Naturalístico, Ângulo, Lorena, (67): 6-8.


segunda-feira, 11 de julho de 2011

Gambá, um mamífero mal compreendido


Este é o feio mas importantíssimo Gambá.
Seu nome comum deve ter se originado da língua tupi-guarani e vem de guámbá, gã´bá ou guaambá, que quer dizer ventre aberto, ou saco vazio, fazendo menção à sua barriga oca por causa da bolsa onde cria os filhos. Típico das Américas, é um mamífero marsupial, assim como o canguru.
Dependendo da região, é conhecido também como opossum (Portugal), mucura (Amazônia e Região Sul), sariguê (Bahia a Pernambuco), ou timbú (Ceará).
Pertence à Ordem Didelphimorphia, Família Didelphidae, e seu nome cientéfico é Didelphis sp. Habita desde o sudeste do Canadá até o sul da Argentina, principalmente as florestas, porém tem se adaptado bem à presença humana, vivendo também próximo ao ser humano, entrando em chácaras, quintais, e até mesmo em grandes centros urbanos.
Zorrilho ou Jaratataca - Mephitis mephitis
São ainda confundidos por vezes com o cangambá ou zorrilho (Mephitis mephitis) mas, apesar de algumas semelhanças, principalmente quanto ao seu “perfume”, este não é um marsupial, mas sim um carnívoro da família Mephitidae, também possuidor de glândulas capazes de lançar um forte odor como defesa. Nem parentes próximos eles são.
Também é erroneamente chamado de “raposa” em boa parte do Brasil, principalmente na Região Sul, talvez pelo fato de eventualmente atacar alguma galinha. A verdadeira raposa (gênero Vulpes) é do Hemisfério Norte, principalmente Europa e Rússia, e no Brasil o exemplar que mais se aproxima de uma raposa pela sua grande semelhança física é o graxaim (gênero Cerdocyon) que está mais próximos do gênero Canis, ao qual pertencem os lobos, absolutamente distante do gambá (gênero Didelphis).
Raposa vermelha - Vulpes vulpes
Infelizmente, sua fama não é nada boa dentre os humanos menos esclarecidos.
O gambá possui um líquido fedorento produzido por glândulas odoríferas que é utilizado como meio de defesa quando perturbado. O cheiro também é exalado pela fêmea em maior quantidade na época em que está no cio e tem a função de atrair o macho, afinal, gosto é gosto... Este cheiro é um dos motivos por ele ser tão discriminado.
O gambá pode ser domesticado
Mesmo assim, o gambá foi e ainda é fonte de alimento como saborosa carne para muitos povos. No livro “Delícias do Descobrimento”, da portuguesa Sheila Moura Hue, o gambá é citado como uma das carnes utilizadas na refinada alimentação dos europeus que aqui chegaram logo após a “invasão” do território brasileiro. Obviamente hoje a legislação ambiental proíbe tanto seu abate como os maus tratos, como o cativeiro.
O gambá é um animal com 40 a 50 centímetros de comprimento, sem contar com a cauda que chega a medir 40 cm, com um corpo parecido com o rato. O gambá mede de 40 a 70 centímetros (o gambá-de-orelha-preta é maior). A cauda tem pelos apenas na região proximal, é escamosa na extremidade e é preênsil, ou seja, tem a capacidade de enrolar-se a um ramo de árvore. As patas são curtas e têm 5 dedos em cada uma, com garras. O hálux (primeiro dedo das patas traseiras) é parcialmente oponível (como o polegar da mão humana) e, em vez de garra, possui uma unha, é usado para agarrar e escalar galhos. É muito ágil no alto das árvores, podendo andar sobre fios de luz, mas sua mobilidade no solo é lenta e desengonçada.

A fêmea pode dar à luz até três vezes durante o ano, parindo até 20 filhotes em cada gestação, que dura 12 a 14 dias. Como nos restantes marsupiais, ao invés de nascerem filhotes, nascem embriões com cerca de um centímetro de comprimento, que se dirigem à bolsa, onde ocorre uma soldadura temporária da boca do embrião com a extremidade do mamilo. Os filhotes permanecem no marsúpio até uns 3 meses e, 
O nome "marsupial" é originário do latim marsupiu, que significa pequena bolsa, e está relacionado à presença de uma bolsa de pele que fica no ventre da fêmea. O aparelho reprodutor é bem diferente dos demais mamíferos.
Pênis do gambá
A fêmea possui dois úteros, duas vaginas laterais e uma vagina mediana, denominada canal pseudovaginal. As vaginas laterais servem apenas para conduzir o esperma para o interior dos úteros. O canal pseudovaginal permanece fechado até o momento do parto, quando se abre para permitir o nascimento dos filhotes. Os machos possuem um pênis bifurcado que possibilita a disseminação do sêmen para o interior das vaginas laterais da fêmea.

O período de gestação é de apenas 12 a 14 dias. Os recém-nascidos são chamados de altriciais, pois nascem num estágio pouco desenvolvido. Os frágeis filhotes nascem com cerca de 2 cm de comprimento, ainda não enxergam nem possuem pelos. Seus membros anteriores, porém, são bem desenvolvidos, assim como os músculos faciais e da língua. Estas características permitem que eles se prendam fortemente aos mamilos existentes no interior do marsúpio e comecem a mamar imediatamente.

Os filhotes permanecem no marsúpio até completar seu desenvolvimento. O tempo de desenvolvimento dos filhotes na bolsa é bem maior do que o período de gestação, podendo levar até três meses. A lactação continua mesmo com os indivíduos jovens, que podem ser observados entrando e saindo da bolsa da fêmea.
Quando saem e, ainda não capazes de viver sozinhos, são transportados pela mãe em seu dorso. Podem viver até 4 anos.
O embrião 'nasce' pouco desenvolvido e recebe carona quando jovem.
  Além de exalar seu cheiro característico como defesa quando ameaçado, outra estratégia para escapar dos perigos é o comportamento de fingir-se de morto até que o atacante desista. Alguns gambás são imunes ao veneno de serpentes, incluindo as jararacas, cascavéis e corais, podendo atacá-las e ingeri-las.
Fingindo-se de morto.
A maioria das espécies possui hábitos noturnos e uma dieta onívora, que pode incluir frutos, insetos, raízes, vermes, crustáceos (caranguejos em áreas de mangue), moluscos, néctar e pequenos vertebrados (sapos, lagartos, serpentes, ovos e aves). É considerado um dos maiores predadores de escorpiões, até mais do que as galinhas. Colabora no controle das espécies consideradas pragas para a agricultura, como os roedores e insetos. São também bons dispersores de sementes através das fezes, ajudando a natureza a plantar o que o homem destrói.
Estudos recentes observam como novidade o fato de ele se alimentar da goma de certas árvores que as produzem em ferimentos na casca.
Alguns gambás são imunes ao veneno de serpentes, incluindo as jararacas (Bothrops sp.), cascavéis (Crotalus spp.) e corais (Micrurus spp.), podendo atacá-las pela cabeça e comê-las. Segundo um estudo científico, a dose letal em um experimento com gambás foi de 660 mg de veneno, o que corresponde a uma dose 4.000 vezes superior à suportada por um boi de 400 kg.
Na natureza têm como principal predador o gato-do-mato (Leopardus spp.), enquanto nas cidades são frequentemente atropelados por terem a visão ofuscada pelos faróis e por sua pouca mobilidade. Não vivem em grupos, mas na época da reprodução formam casais e constroem ninhos com folhas e galhos secos em buracos de árvores.
No território brasileiro há pelo menos quatro espécies:
Didelphis aurita Gambá-de-orelha-preta: em todos os biomas do Estado de São Paulo e Paraná, principalmente nas regiões de Mata Atlântica e nos estados próximos; ocorre também no norte do Rio Grande do Sul e Amazônia; o que o distingue das outras espécies de gambás, é sua orelha preta e sem pelos,
Didelphis albiventris Gambá-de-orelha-branca: Brasil Central, especialmente no Estado de São Paulo e no Rio Grande do Sul; também endêmico no Nordeste, especialmente Pernambuco, onde é denominado timbu;  apresenta como característica marcante as orelhas cobertas por uma fina camada de pelos brancos.  Aprecia aves e ovos, possui ainda um gosto especial por sangue. Quando captura seu alimento, o gambá abre o pescoço da presa, rompendo a jugular para se alimentar do sangue, que verte em abundância. Não é um animal perigoso para o homem, desde que não seja incomodado.
Didelphis marsupialis – Gambá-comum: Desde o Canadá ao norte da Argentina e Paraguai; no Brasil, principalmente na região amazônica; e
Didelphis paraguaiensis Rio Grande do Sul e Mato Grosso, podendo também ser encontrado no Paraguai.
Gambá-da-Virgínia: não ocorre no Brasil
Desde o norte da Argentina até o Canadá habita o Didelphis virginiana - Gambá-da-Virgínia.
A espécie D. marsupialis foi o primeiro marsupial a ser conhecido pelos europeus. Segundo a História da América, Vicente Yáñez Pinzón foi quem, em 1500, levou este animal para a Europa, o que causou estranheza, uma vez que os marsupiais na Europa tinham sido extintos no período terciário, há mais de 60 milhões de anos.
As espécies de marsupiais são importantes na dinâmica das comunidades da mata atlântica. Alguns desses animais, como o Didelphis aurita, a cuíca-lanosa (Caluromys philander) e a cuíca (Micoureus travassosi), são eficientes dispersores de sementes. O gambá pode até atuar como controlador das populações de roedores silvestres.
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Numa tese de doutorado realizada na Reserva Ecológica de Dois Irmãos, Recife, PE, indivíduos machos de D. albiventris foram marcados com dispositivo de rádio e rastreados com o objetivo de estimar sua áreas de uso e estudar seus comportamentos. Um dos machos chegou a ocupar em média uma área de 6,83 hectares e percorreu em média 424 metros por noite. Todos os animais utilizaram cavidades em árvores como abrigo diurno e em 97,5% do tempo noturno estavam em árvores, sugerindo que o animal é escansorial e usa preferencialmente estratos arbóreos em suas atividades normais.