Breve: Louva-a-deus, um inseto mal compreendido

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Classe “C” tem alimentação mais saudável

Arroz e feijão é mistura com componentes essenciais para o organismo humano.
Deixar o arroz e o feijão de lado é uma medida extremamente inadequada para quem pretende emagrecer ou para quem tenta ter uma dieta saudável. Existem estórias de que esta seria uma dieta muito calórica, mas ao deixar de consumi-la, a pessoa pode sofrer uma perda nutricional muito grande.
Os aminoácidos são estruturas que formam as proteínas do organismo. O arroz é pobre no aminoácido lisina, enquanto o feijão é rico, e o feijão tem deficiência em metionina, enquanto o arroz é rico neste aminoácido.
Segundo dados divulgados há pouco pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, através da Pesquisa de Orçamentos Familiares, as classes mais baixas estão comendo mais estes grãos. Enquanto isso, eles têm participado com menos frequência da mesa das classes de maior poder aquisitivo.
Segundo especialistas, a maior parcela de “culpa”, neste caso, é a grandiosa influência dos meios de comunicação, por parte da mídia atrelada às poderosas empresas locais e transnacionais, que fazem com que o consumo diário de vários itens que constituem uma dieta saudável diminua, à medida que a renda do consumidor aumenta.
Numa tabela com a seleção de alguns itens corriqueiros da alimentação brasileira, podemos perceber como a diferença na renda familiar modifica os hábitos alimentícios.
Tabela 3048 - Aquisição alimentar domiciliar per capita anual por classes de rendimento total variação patrimonial mensal familiar e grupos, subgrupos e produtos
Grande Região = Sul
Variável = Aquisição alimentar domiciliar per capita anual (Quilogramas)
Ano = 2008
Classes de rendimento total e variação patrimonial mensal familiarGrupos, subgrupos e produtos
Até 830 Reais1.1.1 Arroz não especificado14,041
1.1.2 Arroz polido12,738
1.2.5 Feijão-preto4,642
2.1.8 Repolho1,555
2.3.5 Batata-inglesa5,071
5.1.1 Farinha de mandioca1,081
6.3.1 Biscoito doce1,869
7.1.2 Carne moída0,235
7.5.6 Presunto0,302
12.2.8 Sorvete0,444
13.2.7 Maionese0,480
14.2.2 Margarina vegetal1,626
15.2.2 Refrigerante de cola12,107
16.1.8 Salgadinho0,272
Mais de 6.225 Reais1.1.1 Arroz não especificado5,566
1.1.2 Arroz polido10,659
1.2.5 Feijão-preto3,204
2.1.8 Repolho1,682
2.3.5 Batata-inglesa8,309
5.1.1 Farinha de mandioca1,104
6.3.1 Biscoito doce3,865
7.1.2 Carne moída1,756
7.5.6 Presunto1,495
12.2.8 Sorvete2,539
13.2.7 Maionese1,218
14.2.2 Margarina vegetal2,097
15.2.2 Refrigerante de cola31,983
16.1.8 Salgadinho1,215
Fonte: IBGE - Pesquisa de Orçamentos Familiares

Obs. (17/04/2015): A última Pesquisa de Orçamentos Familiares disponibilizada pelo IBGE é de 2008 (tabela). Assim que houver nova pesquisa, o Blog  será atualizado.

Uma família considerada de classe baixa, com renda inferior a R$830,00 consome 26,7Kg de arroz ao ano, enquanto uma família mais rica, com renda superior a R$6.225,00 utiliza 16,2Kg. Enquanto a classe “A” compra 3,2Kg de feijão-preto, a classe mais baixa pesquisada come 4,6Kg. *

* Obs. (17/04/2015): Atualizando estes valores a preços de junho de 2011 (FGV), temos:
Classe A: Acima de R$9.745,00
Classe B: de R$7.475,00 a R$9.745,00
Classe C: de R$1.734 a R$7.475,00
Classe D: de R$1.085,00 a R$1.734,00
Classe E: de R$0,00 a de R$1.085,00

Em contrapartida, o consumo diário de alimentos que indicam uma dieta inadequada aumenta com a renda. Os biscoitos doces e doces à base de leite têm consumo de 4,8g diários, enquanto a faixa superior consome 7,6g. O mesmo é observado no consumo de refrigerantes, que é quase três vezes maior na classe mais alta. Os mais abastados consomem 3,3Kg a mais de batata inglesa do que os mais pobres. Se entopem de batatas fritas na gordura hidrogenada de soja transgênica. A batata inglesa, que na verdade é andina e só produz aqui com artifícios de combate a pragas e doenças, é uma verdadeira bola de agrotóxicos.
Também produtos industrializados, que contém conservantes, corantes, aromatizantes e outros “antes”, são muito mais consumidos pela classe alta  do que pelos pobres. É o caso dos embutidos, sorvetes, maioneses, salgadinhos e a famigerada margarina, que não possui valor nutricional algum.
É comum a pessoa com maior renda substituir o famoso parzinho arroz-feijão por pizza ou sanduíche, e assim tira uma combinação adequada da mesa para introduzir componentes com mais gorduras, sem contar os elementos químicos, como os anteriormente citados, e os elementos hormonais hoje presentes nas carnes oriundas da matriz de produção intensiva de confinamentos, como frangos e suínos “de granja”.

Excesso de açúcar
Segundo o Ministério da Saúde, o total de açúcar consumido diariamente não deve ultrapassar 10% da ingestão total de calorias. Porém, a mesma pesquisa do IBGE citada anteriormente revela que mais de 60% dos brasileiros ingerem mais do que o recomendado deste carboidrato.
O consumo excessivo de açúcar, além do sobrepeso, pode ser causador de outras doenças. Como não tem nutrientes e nada de bom para a pessoa, é uma “caloria vazia”. Tudo o que é consumido e não utilizado como caloria, será armazenado no corpo em forma de gordura.
Dentre estas doenças, podem estar as crônicas degenerativas, como hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, excesso de triglicerídeos, de colesterol, e diabetes. Todas elas são relacionadas à obesidade.
Além disso, os industrializados e frituras possuem excesso de gordura saturada e de sódio, que também são prejudiciais ao organismo.
Interessante frisar que os carboidratos complexos, presentes nos cereais (e consequentemente em massas e pães) são importantes. Mas os melhores carboidratos complexos são os integrais. São açúcares que a gente nem percebe que está ingerindo, pois não são associados ao paladar doce. As frutas também têm açúcares que são saudáveis, dão energia e nutrem o organismo.
De acordo com a nutricionista Carla Jadão, professora da Universidade Norte do Paraná - Unopar, citada em matéria do jornal Folha de Londrina  de 29 de julho de 2011, outro grande aliado do organismo são as fibras. Elas diminuem a absorção do açúcar e das gorduras, mas devem ser acompanhadas de muita água. A água é fundamental para que as fibras desempenhem o seu papel. “Grãos integrais, aveia e granola são benéficos e podem ser consumidos à vontade”, diz ela.
Aspartame e glutamato: hiperatividade
Há quem não resiste à vontade de ingerir doces e acaba erroneamente apelando para o adoçante. Normalmente à base de aspartame, os adoçantes são simplesmente mais prejudiciais que o próprio açúcar. Atualmente, nos Estados Unidos, existe uma campanha para banir o aspartame e outros adoçantes sintéticos do mercado. De acordo com os pesquisadores, eles causariam, além de cânceres, mal de Alzheimer, esclerose múltipla e doenças cardiovasculares, entre outros males. A estratégia teve origem na divulgação de um estudo da Fundação Ramazzini, em Bolonha, na Itália, que apontou a incidência de leucemia em 25% de 1.800 cobaias submetidas a uma dose de aspartame equivalente à metade da dose permitida aos humanos pela legislação atual.
O mel é um ótimo adoçante natural: consiste essencialmente em glucose e frutose e é duas vezes mais doce do que o açúcar.
Fontes: links presentes no decorrer do texto.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

O suicídio da Cegonha

          Impressionante a sutil objetividade alemã!
Você sabe como os bebês vieram ao mundo? Sabe, sim! Mas como você explicou isso pela primeira vez ao seu filhinho ou à sua filhinha?
Para “explicar o inexplicável” às crianças, os alemães editaram um livro didático infantil, distribuído nas escolas do País... didático mesmo!
Nada de enrolar ainda mais a cabecinha das crianças.
Nada de “seu maninho foi encontrado numa cabeça de repolho” ou “Jesus te deixou na janela”.
A Cegonha, então, se suicidou depois da publicação do livro, sua farsa secular havia caído por terra, não havia mais argumentos...
Por que não dizer às crianças que os adultos fazem amor?
Tomei a liberdade de traduzir parte do texto que detalha as ilustrações:
    Aqui você vê um bebê.                                  Aqui você vê papai e mamãe.
    Você sabe como ele veio ao mundo?               Eles geraram juntos esse bebê.
 
    Aqui papai e mamãe estão sem roupa.                  Mamãe e papai se amam muito.
    Você pode ver os seios de mamãe.                       Eles se beijam
    E a perereca da mamãe.                                      O pênis do papai ficou grande.
    A perereca se chama vagina.                                Ele fica duro, ereto.
    Você pode ver o pinto do papai.                          Mamãe e papai gostariam
    O pinto se denomina pênis.                                  que o pênis do papai entrasse
    Você pode ver também o saco                                  na vagina de mamãe.
    que o papai tem entre as pernas                           Para eles isso é muito bom.
    Chama-se saco escrotal.
    Mamãe e papai deitam-se na cama.       Mamãe e papai se amam muito.
    Eles fazem o pênis entrar na vagina.     Eles gostariam de ter uma criança.
    Assim eles podem brincar juntos.          No saco do pai há sementes (espermatozóides).
    Papai e mamãe se acariciam muito.       Quando papai e mamãe fazem amor
    Chama-se fazer sexo (fazer amor).         os espermatozóides saem do pênis
    Isso pode ser muito gostoso.                  e vão para dentro da vagina de mamãe,
    Assim podem, mamãe e papai,               e nadam para um ôco na barriga da mamãe.
    gerar uma criança,                               Esse ôco se chama útero
    se eles assim desejarem.                     Nele há, de tempos em tempos, um óvulo.
    Passam-se vários e vários dias...                    A barriga da mamãe ficou tão grande,
    Nove meses se passaram desde que o             que quase nenhuma roupa mais lhe serve.
    óvulo e o espermatozóide se encontraram.      "Eu sinto o útero se contraindo",
    A criança está tão grande que quer sair!         diz a mamãe ao papai.
                                                                      Deve estar na hora de eu dar à luz.
    Papai leva mamãe à maternidade.             Mamãe deita-se na cama da maternidade.
                                                                Aí chega um médico
                                                                e conversa com mamãe e papai.
                                                                O médico vai ajudar mamãe a fazer o parto.
    Mamãe começa o "trabalho de parto".                 Aí saem as mãos e os braços do bebê.
    Primeiro sai a cabeça da criança
    pela vagina da mamãe.
   Agora a criança saiu toda de dentro da mamãe. Mamãe e a criança descansam por um dia.
   O médico cortou o cordão umbilical.                Então eles voltam para casa.
   Também a placenta saiu do útero.                   Quando a criança está com fome
   Agora a criança está nascida.                          Toma leite dos seios da mamãe.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

IBGE: Divulgada a população por bairros.

Gradualmente, o IBGE está divulgando na sua página todos os dados coletados pelos recenseadores em 2010. Basta entrar no site, clicar em BANCO DE DADOS na coluna à esquerda,  depois em SIDRA, e no campo "número da tabela" digite 608. Você pode montar sua própria tabela, escolhendo o Município, Estado, população rural, urbana, sexo...
Para quem necessitar de outros dados sobre qualquer assunto, pode clicar em PROCURAR TABELA e introduzir palavras-chave. Será disponibilizada uma lista de tabelas para clicar e montar ao bel prazer.
Veja alguns dados de Medianeira, PR:
Tabela 608 - População residente, por situação do domicílio e sexo - Sinopse
Variável = População residente (Pessoas)
Situação do domicílio = Total
Sexo = Total
Ano = 2010
Município e Bairro
Medianeira - PR41.817
Centro - Medianeira - PR4.031
São Cristóvão - Medianeira - PR2.589
Itaipu - Medianeira - PR3.495
Independência - Medianeira - PR3.860
Panorâmico - Medianeira - PR657
Cidade Alta - Medianeira - PR3.998
Nazaré - Medianeira - PR4.529
Ipê - Medianeira - PR3.550
Belo Horizonte - Medianeira - PR3.719
Condá - Medianeira - PR3.054
Frimesa - Medianeira - PR593
Jardim Irene - Medianeira - PR2.696
Fonte: IBGE - Censo Demográfico 

Estratificado em população urbana e rural, com porcentagens:
Tabela 608 - População residente, por situação do domicílio e sexo - Sinopse
Sexo = Total
Ano = 2010
Município e BairroSituação do domicílioVariável
População residente (Pessoas)População residente (Percentual)
Medianeira - PRUrbana37.39089,41
Rural4.42710,59
Centro - Medianeira - PRUrbana4.031100,00
Rural--
São Cristóvão - Medianeira - PRUrbana2.589100,00
Rural--
Itaipu - Medianeira - PRUrbana3.495100,00
Rural--
Independência - Medianeira - PRUrbana3.860100,00
Rural--
Panorâmico - Medianeira - PRUrbana657100,00
Rural--
Cidade Alta - Medianeira - PRUrbana3.998100,00
Rural--
Nazaré - Medianeira - PRUrbana4.529100,00
Rural--
Ipê - Medianeira - PRUrbana3.550100,00
Rural--
Belo Horizonte - Medianeira - PRUrbana3.719100,00
Rural--
Condá - Medianeira - PRUrbana3.054100,00
Rural--
Frimesa - Medianeira - PRUrbana593100,00
Rural--
Jardim Irene - Medianeira - PRUrbana2.696100,00
Rural--
Fonte: IBGE - Censo Demográfico

Por sexo e porcentagem:
Tabela 608 - População residente, por situação do domicílio e sexo - Sinopse
Situação do domicílio = Total
Ano = 2010
Município e BairroSexoVariável
População residente (Pessoas)População residente (Percentual)
Medianeira - PRTotal41.817100,00
Homens20.56749,18
Mulheres21.25050,82
Centro - Medianeira - PRTotal4.031100,00
Homens1.89647,04
Mulheres2.13552,96
São Cristóvão - Medianeira - PRTotal2.589100,00
Homens1.21646,97
Mulheres1.37353,03
Itaipu - Medianeira - PRTotal3.495100,00
Homens1.72149,24
Mulheres1.77450,76
Independência - Medianeira - PRTotal3.860100,00
Homens1.90649,38
Mulheres1.95450,62
Panorâmico - Medianeira - PRTotal657100,00
Homens33651,14
Mulheres32148,86
Cidade Alta - Medianeira - PRTotal3.998100,00
Homens1.91547,90
Mulheres2.08352,10
Nazaré - Medianeira - PRTotal4.529100,00
Homens2.23449,33
Mulheres2.29550,67
Ipê - Medianeira - PRTotal3.550100,00
Homens1.77550,00
Mulheres1.77550,00
Belo Horizonte - Medianeira - PRTotal3.719100,00
Homens1.85549,88
Mulheres1.86450,12
Condá - Medianeira - PRTotal3.054100,00
Homens1.53450,23
Mulheres1.52049,77
Frimesa - Medianeira - PRTotal593100,00
Homens29249,24
Mulheres30150,76
Jardim Irene - Medianeira - PRTotal2.696100,00
Homens1.31448,74
Mulheres1.38251,26
Fonte: IBGE - Censo Demográfico

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Morcego, um mamífero mal compreendido


Agricultores costumam demonizá-los, atribuindo a eles até mau agouro, enquanto desconhecem os serviços que prestam ao meio ambiente, à agricultura e à pecuária.
Afinal, quem é esse carinha esquisito que só sai à noite, dorme de cabeça para baixo e já nasce com um sofisticadíssimo sonar?
Raposa voadora
O morcego não é um rato, nem inseto, nem anjo, nem demônio. Pertence à ordem dos Quirópteros, do grego kyros=mão + ptero=asa. Há somente duas subordens: a Microchiroptera, a qual pertencem os morcegos verdadeiros, e a Megachiroptera, as raposas-voadoras, encontradas na África, Oceania e Ásia. Somente esta subordem apresenta espécies de tamanhos maiores, chamados de “morcego-gigante”. Não possui exemplares hematófagos, e alguns se alimentam de peixes. Somente na Malásia, 22 mil destes animais são abatidos legalmente todo ano para fins de alimentação, e um número não definido é abatido ilegalmente, inclusive em época de reprodução.
Embora a maioria dos morcegos se alimentem de insetos e outros de frutas, a fama desses mamíferos voadores está relacionada ao fato de sugarem sangue! É verdade que os chamados morcegos vampiros existem. Mas você verá que não há razões para ter medo. Longe da má reputação do Conde Drácula, esses animais são grandes parceiros da natureza.
Os morcegos são os mais importantes controladores dos insetos voadores noturnos, incluindo-se os mosquitos e muitas pragas agrícolas. São animais de hábitos noturnos e sem nenhuma característica aparente que os torne atrativos pela população.
Apenas um morcego insetívoro é capaz de comer até 500 mosquitos em uma hora, ou seja, quase 5 mil insetos por noite. Como exemplo, podemos citar o fato de que os 20 milhões de morcegos-de-cauda-livre que habitam a Caverna de Bracken, no Texas, protegem os fazendeiros locais comendo 250 toneladas de insetos por noite!
Morcego insetívoro: orelhas maiores para localizar a presa pelo sonar
Todo este consumo de insetos, felizmente, contribui significativamente para a redução do uso de venenos químicos utilizados nas plantações, o que significa comida mais saudável para todos nós.
Morcego pescador
Há pelo menos 40 milhões de anos, eles se alimentam do pólen e do néctar das flores. A dieta pode ter se iniciado por acaso. Os biólogos acreditam que os primeiros morcegos alimentavam-se apenas de insetos. Com o passar do tempo, aconteceram mudanças em algumas espécies: uns passaram a compor sua dieta apenas de frutas (frugívoros), enquanto outros, atraídos pelos insetos pousados nas flores, acabaram utilizando-se também do néctar, complementando, assim, o seu cardápio. Há morcegos que pescam com suas garras e se alimentam de peixes e camarões.
Hoje, estima-se que 99% das espécies de morcegos dependem parcial ou totalmente das plantas como fonte de alimento. Como já mencionado, as plantas também dependem dos morcegos. Afinal, os que se alimentam de frutas podem deixar cair sementes durante o transporte, fazendo com que nova planta nasça em um novo local. Há sementes que necessitam passar pelo sistema digestório de algum animal para germinarem posteriormente. O morcego é um grande disseminador de sementes, pois tem o hábito de defecar em pleno voo.
Nectarívoro
Já os que sugam o néctar das angiospermas – plantas produtoras de flores – enfiam a cabeça nas flores, carregando consigo o pólen. Ao pousarem em outra flor, deixam nela grãos de pólen que permitirão sua reprodução.
Para se ter uma ideia da importância dos morcegos para a vegetação do planeta, basta dizer que cerca de dois terços das angiospermas das florestas tropicais do mundo são polinizadas por eles. A dispersão das sementes também faz com que eles sejam os principais responsáveis pela regeneração de florestas degradadas.
Morcegos frugívoros têm um interessante hábito: eles não comem a fruta no local de colheita, mas as abocanham sem pousar, e as levam para uma árvore onde se sentem mais seguros para saboreá-la. Supõe-se que age assim para evitar a surpresa desagradável de encontrar algum predador que possa estar lhe esperando na frutífera. Isso faz com que ele 'perca' algumas sementes ao voar, e que deixe as sementes caírem sob a árvore escolhida, depois da 'janta'. Na Região Sul do Brasil é comum se ver diversas plantas de nêspera (ameixinha) sob a copa de pés de manga, por exemplo.
Carregando pólen
Em seu ambiente silvestre, muitas plantas que produzem frutos de importância na agricultura dependem dos morcegos para polinização e dispersão de suas sementes. No México, por exemplo, os morcegos são polinizadores de cactos usados na confecção da tequila. No Brasil, eles polinizam espécies como pequi, alguns maracujás nativos, piquiá, sumaúma, munguba, jatobá, xiquexique, facheiro, caju, figo, banana, manga, tâmara, bromélias e muitas outras.
Estudos desenvolvidos na Embrapa Cerrados mostram que pelo menos 268 espécies de plantas cuja dispersão das sementes é feita por animais (zoocoria) e que são encontradas em matas de galeria, 34 delas (13%) são dependentes dos morcegos (quiropterocoria). É possível coletar sementes das fezes desses animais, já com a dormência quebrada, e selecionar sementes de espécies nativas, que apresentem também potencial para retorno financeiro, e utilizá-las para a recuperação de áreas degradadas e reflorestamento.
Das cerca de mil espécies de morcego que existem no mundo, 70% se alimentam de insetos. Apenas três delas se alimentam de sangue (hematófagos):
Hematófago no mamilo de uma porca
Desmodus rotundus, o mais comum no Brasil, habita a América do Sul e México, ataca mais os mamíferos;
Diphylla ecaudata, se alimenta de sangue de aves que pousam em árvores, cortando e lambendo suas pernas. É considerado em extinção no Paraná, principalmente por causa da degradação das florestas; e
Diaemus youngii, localmente raro no Brasil, ocorrendo na Bacia Amazônica e norte da Argentina, também ataca preferencialmente aves silvestres.
Na página da Sociedade Brasileira para o Estudo de Quirópteros é possível acessar uma lista se boas páginas com informações científicas, como é o caso da “Casa dos Morcegos”, em português (as melhores estão em inglês).
Os morcegos “vampiros” estão ajudando pesquisas científicas na busca de novos medicamentos para doenças do coração, devido a existência de uma potente substância anticoagulante na saliva destes animais.
Hematófago: incisivos afiados para o pequeno corte
Na área urbana, você não encontrará um morcego “vampiro”! Eles não toleram a luz. Ficam restritos à mata. Poderá ficar exposto o humano que entrar na mata, e mesmo assim terá de ficar quietinho, dormindo, e provavelmente embriagado, para não sentir o morcego lhe perfurar a pele. Mas um hematófago entrar pela janela e “chupar” o sangue da sua jugular, nunca!
Em todos os tempos, não existe sequer um registro no Centro de Controle de Zoonoses de São Paulo, de que algum humano tivesse contraído o vírus da raiva através da transmissão do morcego. Assista a um vídeo interessante sobre isso produzido pela referida entidade.
Identificação pelo voo
Através da observação do voo dos morcegos, você poderá identificar com certa precisão se ele é frugívoro, insetívoro ou hematófago.
A partir do pôr do sol, em um local onde haja uma fonte de luz artificial, pode-se ver a movimentação.
Os morcegos insetívoros são os primeiros a estarem ativos, podendo ser observados até antes do pôr-do-sol nos dias de inverno.
Podem voar a meia altura próximo a locais com água, como fontes, lagos e riachos, em clareiras. Outras espécies voam somente sobre a copa das árvores. Emitem sons curtos, repetitivos e agudos.
Suas asas são mais estreitas e compridas, objetivando um voo rápido e ágil para capturar suas presas. Têm orelhas maiores que os outros, para aumentar a precisão na detecção da presa em movimento.
Os frugívoros e nectarívoros aparecem logo após o crepúsculo, e limitam-se a executar muitas voltas próximo à copa das árvores. Emitem sons isolados, mais longos e muito altos. Frugívoros necessitam asas mais potentes para transportar frutas. Seu voo, porém, não é muito ágil e um pouco 'barulhento'. Possui orelhas menores que os insetívoros.
Os hematófagos nunca aparecem onde há luz, só abandonam seu abrigo após a completa escuridão, voam a cerca de um metro de altura do solo, em linha reta, rumo ao local onde já sabem estar dormindo sua presa. Não emitem sons durante sua jornada para não alertar a vítima.

Curiosidades
  • Morcegos não são cegos. Apesar de usarem principalmente o 'radar' em seus velozes voos noturnos, possuem uma boa visão. As raposas voadoras não possuem radar. 
  • O menor mamífero do mundo
    O menor mamífero do mundo é o morcego insetívoro Craseonycteris thonglongyai, que mede cerca de 3 centímetros e vive na Tailândia e Myanmar.
  • As fezes dos morcegos foram muito usadas no século passado para fabricação de pólvora, e seu esterco, recolhido nas cavernas, foi largamente utilizado como fertilizante antes do advento dos adubos químicos.
  • Os hematófagos não chupam o sangue de suas vítimas. Fazem uma leve raspagem na pele com os dentes incisivos (não usam os caninos), e depois vão lambendo o sangue que escorre. Sua saliva possui um poderoso anticoagulante, fazendo com que a vítima sangre com facilidade, em gotas, enquanto ele lambe. E não são eles que fazem tranças em crinas de cavalos, mas sim o vento que os embaraça nas cavalgadas.
  • Ectophilla alba
    Há morcegos de pelagem clara, como é o caso do Ectophilla alba, o morcego-branco-de-Honduras, que vive na América Central e Caribe.
  • O morcego não consegue alçar voo a partir do solo. Os músculos de suas pernas não são suficientes sequer para o impulso. Lançando-se de um local onde estão pendurados de cabeça para baixo, fica mais fácil...
  • É muito comum uma mãe morcego adotar um filhote que tenha ficado órfão. É só uma fêmea não voltar ao abrigo no final da noite que aparecem várias candidatas à adoção.
  • "Bat-houses"
    Em muitos lugares do mundo, onde há mais esclarecimento sobre a importância do morcego, constroem-se casinhas para morcegos, chamadas 'bat-houses', assim como nós oferecemos ninhos para passarinhos.