Breve: Louva-a-deus, um inseto mal compreendido

sexta-feira, 29 de abril de 2011

SBPC diz que Novo Código Florestal é uma tragédia

Na avaliação de 96 sociedades científicas, a elite da ciência brasileira, representadas pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e pela Academia Brasileira de Ciências (ABC), não há fundamento científico nas mudanças propostas no relatório de Aldo Rebelo para o Código Florestal Brasileiro, e seria uma “tragédia” a votação do texto como tal na próxima semana, dias 3 e 4 de maio, conforme anúncio feito pelo presidente da Câmara, deputado Marco Maia.
Depois de meses de trabalho, a comunidade científica apresentou em Brasília, um extenso estudo sobre os impactos das alterações no referido Código, intitulado “O Código Florestal e a Ciência – Contribuições sobre o diálogo”.
As organizações pediram mais tempo para a discussão do Código Florestal no Congresso. Para o pesquisador Antonio Donato Nobre, agrônomo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), seriam necessários pelo menos dois anos de discussão para se chegar a um texto adequado para o novo Código.
Aldo Rebelo: "Relatório irresponsável"
“Se o código for votado agora, será a primeira vez que um assunto como este será decidido sem a participação da ciência”, criticou Helena Nader, presidente da SBPC. Ela disse que o grupo não foi consultado sobre o relatório Aldo Rebelo e decidiu elaborar o texto para contribuir cientificamente com as mudanças no Código. “Decidimos que teríamos que ter uma leitura de ciência, e não de ânimos. Se for votado o relatório, não será bom para o Brasil”, disse.
“Estamos aqui trazendo a visão dos mais graduados estudiosos da ciência brasileira. O que gostaríamos é de poder continuar contribuindo trazendo dados para a implementação de um código moderno, e não um documento que os dados da ciência mostram que está furado, está errado”, disse. “Foram dez meses de trabalho, com revisão da literatura relativa a vários tópicos do assunto – quase 300 artigos científicos – e consultas a dezenas de especialistas das mais diversas posições”, destacou Helena Nader.
A principal crítica repousa sobre as propostas de redução das Áreas de Preservação Permanente (APP) e de Reserva Legal. Ao contrário do que afirma o relatório Aldo Rebelo, o estudo da SBPC e da ABC afirma que as APPs representam apenas 7% das propriedades privadas. “As pessoas se esquecem que no Rio de Janeiro morreram mil e tantas pessoas em deslizamentos e está se pensando em tirar a proteção de topo de morro”, disse Antonio Donato Nobre, “é algo totalmente irresponsável”.
O estudo aponta que 83 milhões de hectares de área de preservação ambiental são ocupados irregularmente. Por outro lado, 61 milhões de hectares de terras degradadas poderiam ser recuperadas e usadas na produção de alimentos. “Os dados científicos disponíveis indicam que o país pode resgatar passivos ambientais sem prejudicar a produção e a oferta de alimentos”, diz o texto.
O trabalho é uma obra-prima, com um aprofundamento digno de cientistas. Somente com a leitura do tópico "Polinização", à página 61, já se pode ter idéia da grandiosidade do assunto.
O relatório ainda mostra como a proteção dessas áreas pode ser convertida em serviços florestais, pagos por quem vive na cidade e se beneficia da preservação ambiental feita no campo.
Clique na abelha polinizadora para ver a íntegra do trabalho científico.

Censo 2010: população do Brasil é de 190.755.799

Foi divulgada hoje a Sinopse do Censo Demográfico 2010, que contém os primeiros resultados definitivos do XII Recenseamento Geral do Brasil. A publicação oferece uma série de informações, desde o primeiro Censo, realizado em 1872, sobre a evolução demográfica do País, dados populacionais por sexo e grupos de idade, média de moradores em domicílios particulares ocupados e número de domicílios recenseados, segundo a espécie (ocupados, vagos, fechados, uso ocasional, coletivos) e situação urbana e rural.
A publicação completa pode ser acessada na página www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/default_sinopse.shtm. O hotsite www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse disponibiliza tabelas e gráficos variados até o nível de município. Por fim, no link www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/webservice há uma ferramenta de consulta dos resultados que pode ser implementada em qualquer site.
Curiosidades
*Trabalharam 230 mil pessoas; dos quais
*191 mil recenseadores;
*que visitaram 67,5 milhões de domicílios.
*Foram investidos R$ 1,2 bilhão durante o ano de 2010; o equivalente a 
*quatro dólares por habitante.
*É a mais complexa operação estatística realizada por um país.
*O Brasil tem 8.515.692,27 km²,
*distribuídos em um território heterogêneo,
*composto por 27 Unidades da Federação e
*5.565 municípios.
*A população brasileira cresceu quase 20 vezes desde 1872.
*Os 6 estados mais populosos do Brasil (SP, MG, RJ, BA, RS e PR)
*concentram, em conjunto, 58,7% da população total do País.
*Há no Brasil uma relação de 96 homens para cada 100 mulheres.
*Há 3.941.819 mulheres a mais em relação ao número total de homens.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Tabagismo na gravidez: menos nutrientes para o bebê

"Em cada tragada de um cigarro, são inaladas 4.600 substâncias tóxicas, incluindo o monóxido de carbono, composto que também é liberado pelo escapamento dos carros, destrói os glóbulos vermelhos do nosso organismo e prejudica o transporte de oxigênio da mãe para o bebê durante a gravidez". São palavras do obstetra Alberto D’Auria, do Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo.
Problemas de formação e dificuldades de aprendizagem por causa da menor quantidade de oxigênio e nutrientes são algumas complicações que os bebês enfrentam quando suas mães fumam durante a gravidez.
No último domingo (24/04), a atriz Danielle Winits, que está com quase nove meses de gestação, foi flagrada fumando na companhia do ex-marido, Jonatas Faro.
Danielle Winits e o marido negligente

De acordo com especialistas, o cigarro nessa fase pode causar problemas para o resto da vida do bebê. Procurada, Dani Winits não quis responder às perguntas da reportagem do R7 Notícias.
O alcatrão e a nicotina são outras substâncias responsáveis por diminuir a quantidade de nutrientes que o feto recebe. Isso pode fazer com que o bebê nasça abaixo do peso considerado normal. Estudos mostram que crianças com sete anos de idade, nascidas de mães que fumaram 10 ou mais cigarros por dia durante a gestação, apresentam atraso no aprendizado quando comparadas a outras crianças: observou-se atraso de três meses para a habilidade geral, de quatro meses para a leitura e cinco meses para a matemática.
Na opinião do obstetra Eduardo Cordioli, presidente da Comissão Nacional de Urgências Obstétricas da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), quanto maior a quantidade de cigarros fumados pela mãe e menor o tempo de gravidez, pior será para o bebê.
Cordioli ressalta que o cigarro aumenta as chances deste bebê ter obesidade, diabetes, hipertensão e dificuldades de aprendizagem, bem como ter sérias tendências ao tabagismo.
Trimestre a trimestre
De acordo com D’Auria, abortamentos também podem ser causados pelo hábito de fumar nos primeiros três meses de gravidez, o que compromete a formação do bebê.
Combinação perigosa
Já o vício no segundo trimestre da gestação leva a outros problemas de formação, como fenda palatina (abertura no céu da boca) e lábio leporino.
No terceiro trimestre, o principal problema é de insuficiência placentária. O feto reduz o ganho de peso, prejudicando a formação cerebral. Isso pode levar a dificuldades de aprendizado na idade escolar.
Diante desses riscos, é importante a mãe abandonar o tabaco assim que descobrir que está grávida. Mesmo a futura mãe sendo fumante, largando o cigarro logo no início da gravidez, há grandes chances de o bebê não ter nenhum prejuízo.

Se a mãe fuma depois que o bebê nasce, este sofre imediatamente os efeitos do cigarro. Durante o aleitamento, a criança recebe nicotina através do leite materno, havendo registro de intoxicações atribuíveis à nicotina (agitação, vômitos, diarréia e taquicardia) em filhos de mães fumantes de 20 ou mais cigarros por dia. Em recém-nascidos, filhos de mães fumantes de 40 a 60 cigarros por dia, observou-se acidentes mais graves como palidez, cianose, taquicardia e crises de parada respiratória, logo após a mamada.

Fontes: R7 Notícias e http://pt.shvoong.com/entertainment/

terça-feira, 19 de abril de 2011

Por que hoje é dia do Índio?

Data criada em 1943 pelo presidente Getúlio Vargas, o Dia do Índio é comemorado no Brasil no dia 19 de abril.

Em 1940, foi realizado no México o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano.
Vários líderes indígenas deste continente foram convidados para participar das reuniões e decisões, porém os índios não compareceram ao evento.
Este comportamento pode ser compreensível, uma vez que os índios, há séculos, estavam sendo perseguidos, agredidos e dizimados pelos “homens brancos”.
Depois de decorridas algumas reuniões e encontros, diversos líderes indígenas resolveram participar, entendendo a importância daquele momento histórico.
Esta participação se iniciou no dia 19 de abril daquele ano, data que depois foi escolhida por Getúlio para instituir o Dia do Índio.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Entidades lançam manifesto contra relatório Aldo Rebelo

Várias entidades da sociedade civil, representando milhares de pessoas, lançaram  um manifesto contra a aprovação do relatório Aldo Rebelo para a mudança do Código Florestal.
Futuro cenário
Segundo as entidades, as mudanças previstas pelo relatório do deputado do PC do B de São Paulo só favorecem o agronegócio e o modelo de agricultura baseado na utilização em larga escala de agrotóxicos.  Além disso, elas possibilitarão o desmatamento sem critério de biomas altamente ameaçados, como o Cerrado, a Caatinga e a Amazônia.
“Não acredito em suicídio.  É incompreensível que a proposta Rebelo, apoiada pelos produtores rurais, não leve em consideração a necessidade de conservar água, solos, serviços ambientais e a biodiversidade, como se fosse possível sobreviver sem esses recursos”, declarou Paulo Gustavo Prado, diretor de Política Ambiental da CI-Brasil, uma das signatárias da carta.

Veja o Manifesto na íntegra:
Por uma lei florestal justa e efetiva: não à aprovação do relatório Aldo Rebelo para mudança do Código Florestal
Está para ser votado na Câmara dos Deputados um dos maiores crimes contra o nosso país e sua imensa biodiversidade: a destruição do Código Florestal.  A nossa lei que protege as margens de rios e as encostas da erosão e dos deslizamentos, que mantém parte de nossas florestas, cerrados e caatingas preservados e que estimula o manejo sustentável de nossas riquezas naturais está na mira da bancada ruralista!  Alegando que a lei atrapalha o agronegócio brasileiro, os ruralistas encomendaram ao deputado Aldo Rebelo (PC do B/SP) uma proposta de alteração que está prestes a ser votada e que, dentre outras coisas, pretende:
A) anistiar os desmatamentos ilegais realizados em APPs até 2008: não será mais necessário recuperar os desmatamentos ilegais realizados em encostas, beiras de rio e áreas úmidas, beneficiando quem desrespeitou a lei e prejudicando a sociedade, que terá que conviver para sempre com rios assoreados, deslizamentos de encostas, águas envenenadas, casas e plantações levadas por enchentes, dentre outros.
B) diminuir a proteção aos rios e topos de morro: prevê que os rios menores, justamente os mais abundantes e frágeis, terão uma proteção menor, que pode chegar a ¼ da atual.  Da mesma forma, retira toda e qualquer proteção aos topos de morro, áreas frágeis e sujeitas a deslizamentos e erosão em caso de uso inadequado.  Somada à anistia, significará uma perda muito significativa de proteção a essas áreas.
C) diminuir a reserva legal em todo o país: isenta os imóveis de até 4 módulos fiscais de recuperar a reserva legal, e para todos os demais diminui a base de cálculo, o que significa diminuir ainda mais uma área que já é considerada por todos como pequena para proteger a biodiversidade.  Isso sem contar a possibilidade de fraude, com fazendas maiores se dividindo artificialmente para não ter que recuperar as áreas desmatadas.
D) permitir a compensação da reserva legal em áreas remotas, sem nenhum critério ambiental: passando a levar em consideração apenas o valor da terra, e não a importância ambiental ou a necessidade de recuperação ambiental da região onde ela já deveria estar.  Essa proposta terá repercussões na estrutura agrária em todo o país, expulsando agricultores familiares e camponeses, povos indígenas e quilombolas.
E) possibilitar que municípios possam autorizar o desmatamento: o que significa criar o total descontrole na gestão florestal no país, já que são muitos os casos de prefeitos que têm interesse pessoal no assunto, configurando um inadmissível conflito de interesses.  Para quem defende essa proposta, o que interessa é manter monoculturas envenenadas com agrotóxicos, movidas a trabalho escravo e permitindo uma destruição ambiental constante.  Não é isso que interessa ao país.
Nós, organizações ambientalistas, movimentos sociais do campo e sindicalistas de todo o Brasil, defendemos valores e práticas bem diferentes.  Por isso defendemos uma proposta diferente para o Código Florestal, que deve prever, dentre outros:
F) Tratamento diferenciado para a agricultura familiar, que tem no equilíbrio ambiental um dos pilares da sua sobrevivência na terra, com apoio técnico público para recuperar suas áreas e gratuidade de registros;
G) Desmatamento Zero em todos os biomas brasileiros, com exceção dos casos de interesse social e utilidade pública, consolidando a atual tendência na Amazônia e bloqueando a destruição que avança a passos largos no Cerrado e na Caatinga;
H) Manutenção dos atuais índices de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente, mas permitindo e apoiando o uso agroflorestal dessas áreas pelo agricultor familiar;
I) Obrigação da recuperação de todo o passivo ambiental presente nas Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal, não aceitando a anistia aos desmatadores, mas apoiando economicamente aqueles que adquiriram áreas com passivos para que recuperem essas áreas;
J) A criação de políticas públicas consistentes que garantam a recuperação produtiva das áreas protegidas pelo Código Florestal, com a garantia de assistência técnica qualificada, fomento e crédito para implantação de sistemas agroflorestais, garantia de preços para produtos florestais e pagamentos de serviços ambientais.
A sociedade brasileira exige do Congresso Nacional e da Presidenta eleita que este relatório nefasto não seja aprovado, e que em seu lugar seja colocado um texto que interesse a todos os brasileiros, ou seja, que não diminua a proteção de áreas ambientalmente importantes, mas que crie condições para que elas sejam efetivamente protegidas.
Por isso milhares de pessoas estão organizadas hoje para gritar: NÃO AO RELATÓRIO DA BANCADA RURALISTA!  POR UM CÓDIGO FLORESTAL QUE DE FATO GARANTA PRODUÇÃO E PROTEJA AS FLORESTAS!
Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal – ABEEF
Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida – APREMAVI
Associação dos Servidores da Reforma Agrária em Brasília – ASSERA
Associação dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente e do Ibama – ASIBAMA
Comissão Pastoral da Terra – CPT
Confederação Nacional dos Servidores do Incra – CNASI
Conselho Indigenista Missionário – CIMI
Conselho Pastoral de Pescadores
Conservação Internacional – CI-Brasil
Crescente Fértil
Federação dos Estudantes de Engenharia Agronômica do Brasil – FEAB
Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar – FETRAF
Fundação SOS Mata Atlântica
Greenpeace
Grupo Ambientalista da Bahia – GAMBA
Grupo de Trabalho Amazônico – GTA
Instituto Centro de Vida – ICV
Instituto de Estudos Socioeconomicos – INESC
Instituto Socioambiental – ISA
Mira Serr
Movimento das Mulheres Camponesas – MMC
Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB
Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA
Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais – MPP
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST
Pastoral da Juventude Rural – PJR
Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário – SINPAF
Sociedade Chauá
Via Campesina
Vitae Civilis

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Barata, um inseto mal compreendido

Pertencente à ordem Blattodea, as baratas são um grupo de insetos em grande parte onívora, com metamorfose incompleta, que juntamente com os louva-a-deus (ordem Mantodea) formam a super-ordem Dictyoptera.
Periplaneta americana
Acredita-se que as baratas separaram-se do ancestral comum que partilhavam com o  louva-a-deus durante o Cretáceo Inferior, a cerca de 140 milhões de anos atrás.
As espécies de baratas com ovipositores externos (tubos de postura) que existiam antes desta divisão, originaram-se antes do período Carbonífero Superior, há cerca de 315 milhões de anos atrás. Por um outro lado, estudos recentes têm mostrado que os cupins são uma linhagem de baratas (Termitoidae epifamily) e não uma ordem separada de insetos como se pensava anteriormente. Cupins são mais estreitamente relacionadas com as baratas do gênero Cryptocercus devido a sua alimentação à base de celulose, com a qual compartilham vários caracteres estruturais e comportamentais.
Elliptorhina javanica
Cerca de 4.500 espécies de baratas foram nomeadas até hoje e provavelmente há pelo menos o dobro deste número ainda a ser descoberto no mundo. Embora a maioria das espécies seja encontrada nos trópicos, algumas ocorrem em regiões temperadas. Existem cerca de 130 baratas nativas da Europa e novas espécies ainda estão sendo descobertas nesta região.
Pela falta de instrução da maior parte da população, a maioria das pessoas parece considerar que todas as baratas sejam vermes ofensivos e destrutivos. No entanto, esta reputação é merecida apenas a 30 espécies (menos de 1% do total de espécies).
Byrsotria 0fumigata
A maioria das espécies de baratas não possuem asas ou têm asas reduzidas  (por exemplo, a cubana Byrsotria fumigata) e no caso de algumas, tanto machos como fêmeas são plenamente alados com asas muito reduzidas. Algumas baratas da Ásia e da Australásia, da espécie Panesthia, vivem em tocas na madeira em decomposição e têm asas bem desenvolvida quando se tornam adultas.
Muitas baratas possuem dimorfismo sexual, por exemplo, baratas machos de Madagascar, têm bem desenvolvidos "chifres" em sua pronota (a placa que cobre a cabeça), que eles usam para lutar contra machos rivais - o maior indivíduo geralmente emerge como o vencedor.
Fonte: http://domescobar.blogspot.com

Agricultores em SC trocam fumo por orgânicos

Foto: Roberto Câmara
Agricultores da região de Santa Catarina deixaram de uma vez por todas o fumo e adotaram uma vida saudável. A afirmação até parece uma chamada de reportagem sobre vida saudável. Mas estamos falando de negócios. Na Encosta da Serra Geral, 200 agricultores deixaram as lavouras de fumo que pouco rendiam e causavam sérios danos  à saúde para dedicarem-se à agroecologia.
Reunidos desde 1996 na Associação dos Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra Geral (Agreco), os agricultores produzem hortaliças, frutas e plantas medicinais sem qualquer agrotóxico na região do município de Santa Rosa de Lima. Os 200 associados despacham mil caixas por semana, com 73 itens, como cenoura, alface, couve-flor, tomate-cereja, abóbora, pepino, pimentão, agrião e beterraba. Nove lojas de cinco redes de supermercados da Grande Florianópolis, Vale do Itajaí e Sul de Santa Catarina são abastecidas com os chamados "produtos limpos"
Mas a associação não se dedica apenas aos alimentos “in natura”. Os grandes supermercados do país recebem mensalmente os produtos processados, como geleias, conservas de legumes, molhos de tomate, derivados da cana e frutas desidratadas. Eles faturam por mês cerca de R$ 200 mil.
"Uma das principais vantagens foi garantir emprego e salário dos moradores durante todo o ano", ressalta o coordenador-geral da Associação dos Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra Geral (Agreco), Adilson Maya Lurnardi. A Agreco, que vende também carnes, leite, queijo e doces caseiros totalmente orgânicos, participando todos os anos da BioBrazil Fair – Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia -,  em São Paulo.


Orgânicos na merenda

Em agosto de 2001, a Agreco começou a fornecer produtos para a merenda escolar na Escola de Educação Básica Lauro Müller, no centro de Florianópolis. O sucesso foi tamanho que, em 2002, a merenda orgânica foi estendida a outras 61 escolas da rede estadual de ensino fundamental, abrangendo outros municípios.
O mercado institucional de merenda orgânica chega a representar 50% do volume de venda da Agreco, durante o período letivo. São cerca de 70 mil crianças, de 7 a 13 anos, atendidas. A substituição de produtos convencionais por orgânicos fez com que diminuísse a evasão escolar.

Agroturismo

A plantação de produtos orgânicos deu tão certo que nasceu uma outra fonte de renda para os agricultores da região: o agroturismo. O turista é acolhido na casa de um agricultor e acompanha todo o processo de cultivo do alimento.
É o Projeto "Acolhida na Colônia". Os visitantes também podem aproveitar as vantagens do ecoturismo da região. Só no município de Presidente Getúlio, há 72 cachoeiras no Vale das Cachoeiras. Quem quiser ver neve é só ir no inverno e visitar São Joaquim e Urubici. O turismo terá à disposição um café colonial orgânico com cucas, pães, bolos, geléias, natas, entre outros.

Fonte: Blog Mundo Orgânico

terça-feira, 12 de abril de 2011

Sorria! Você está sendo manipulado.

Ricardo Alexius
É fato! Você é manipulado. De diferentes formas e em diferentes graus,  a mídia controla seu modo de pensar, de agir e até mesmo de ser.

Em quase todos os países do mundo, especialmente no Brasil, temos que lastimar o fato de que a maioria da população está inserida na classificação “alvo fácil da mídia”. Os exemplos desse artigo podem até não ser completamente aplicáveis a você, mas  se aplicam à maioria da população.

Sem teorizar muito, observe-se alguns exemplos recentes para ver o “passo a passo” da manipulação que todos sofremos.

1. Uma criança morre. Crianças morrem a cada minuto no Brasil e no mundo das formas mais cruéis e inimagináveis, que nem cabe aqui enumerar. Mas nesse caso um ou outro ponto chama um pouco mais a atenção: é uma família de classe média-alta e a menina (filha de pais separados) é jogada do sexto andar de um prédio.


2. Agora entra o que pode ser chamado de “a isca”: As emissoras de TV e outros veículos de informação passam a notícia normalmente, mais uma notícia como todas as outras tragédias. Com a tecnologia de hoje, os veículos de informação conseguem medir o grau de interesse do povo em determinado assunto (Ibope). No caso dessa notícia, há uma pequena variação – nada alarmante – mostrando um pouco mais de interesse nessa notícia. O povo então é fisgado.


3. A notícia teria durado poucos dias (senão um só), mas uma emissora decide “investir” naquela notícia por causa do sutil aumento de interesse do povo, e a transforma numa notícia mais completa, dessa vez usando os mais vis artifícios para mexer com as emoções do povo. É algo bem simples, se houve um pouco mais de interesse, então fica fácil aumentar mais ainda esse interesse despertando emoções no povo, como raiva, indignação, comoção, etc. (tragédias são ótimas iscas). Se essa tática dá certo, aí entra o que chamamos de “avalanche”.


4. Com os artifícios da emissora, o interesse do povo aumenta muito e, agora sim, de forma significante, fazendo com que todas as outras emissoras e veículos de informação também comecem a investir mais naquela notícia, até por uma questão de concorrência. Em poucos dias, será o assunto mais falado.


5. A parte mais difícil da manipulação já aconteceu, que foi fisgar o povo. A partir de agora, os jornalistas, repórteres e empresas de comunicação, vão depositar todas as suas fichas no caso e sugar cada gota de sangue, com notícias até mesmo inúteis, como 

Padrasto da prima do marido da irmã da menina morta
é visto esquiando nos alpes suíços
mas que vão conseguir manter o povo com os olhos pregados na televisão, assistindo comerciais e recebendo “opiniões pré-fabricadas” direto na mente. O que o jornal insinuar, vira lei. Nesse momento o povo está praticamente escravizado.

6. Durante semanas, os jornais vão focar somente nessa notícia e nos seus mais estúpidos detalhes, até que, quando detectarem o início de um desinteresse, vão jogar várias outras notícias de crianças mortas. Até mesmo se um pai der um puxão de orelha no filho em praça pública lá no Afeganistão, será noticiado (coisa que antes nunca seria notícia). Qualquer coisa relacionada à maldade com crianças será mostrada como um grande furo de reportagem para aproveitar o sentimento - fabricado - que foi criado entre o povo. Tudo isso se alternando com resquícios da já completamente devorada notícia da criança que caiu do sexto andar e o andamento do caso.


7. Agora o povo já está em frente ao tribunal fazendo um show. É um circo de horrores onde inúmeros “juízes” já julgaram com “suas” (destaque às aspas) opiniões até a sexta geração dos réus.


8. Algumas semanas depois, não se fala mais nisso. Passou. Notícias relativas a isso só aparecerão agora quando algo mais interessante ocorrer (antes se noticiava até os banhos dos réus, que continuam tomando banho, mas não é mais noticiado).


9. A mídia agora precisa fisgar o povo novamente. Alguma nova isca vai funcionar e tudo vai recomeçar.

Porque isso ocorre? É simples. Não é por maldade, é por interesse. A mídia jamais conseguiria fazer isso sozinha, precisa da ajuda de suas vítimas. Precisa da falta de instrução, precisa da falta de cultura, da falta de identidade de um povo que não lê, inserido numa sociedade medíocre. E isso em países como o Brasil é coisa muito fácil de se encontrar. A mídia e os políticos usam muito bem esse ponto fraco. Se uma emissora não destroça uma notícia como as outras emissoras estão fazendo, vai perder audiência. Se um político não explora a ignorância do povo, vai perder votos para os outros que o estão fazendo. Money, dinheiro, Geld.

É um círculo vicioso que dificilmente vai ter fim.

Existem ainda “iscas” mais certeiras e premeditadas, como o carnaval, a copa do mundo, as olimpíadas, o dia dos namorados, etc. Com esses eventos já há um preparativo para fazer o povo comprar isso ou aquilo, fazer isso ou aquilo.

A mídia cria e planta opiniões e, através dessas opiniões, domina o mundo.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

EEUU não admitem aquecimento global

Os yankes dizem que não têm nada a ver com a poluição do planeta e com o aquecimento global.
Uma Proposta de Emenda foi rejeitada no Senado americano.
A Emenda simplesmente diria que o Congresso aceite as conclusões científicas da Agência de Proteção Ambiental.
O primoroso estudo aponta que o aquecimento global está realmente ocorrendo, que se deve à atividade humana e que oferece significativos riscos à saúde e bem-estar.
Mas "eles" lavam as mãos como Pilatos.


NOTICIAS                                                 La Habana, 8 de abril de 2011
El Senado de los Estados Unidos ha votado este miércoles en contra de una enmienda que pedía reconocer la existencia del cambio climático y que los humanos eran los mayores culpables de que sucediese. La enmienda fue presentada por el senador demócrata Henry Waxman, quien afirmó que su petición era algo reconocido por la comunidad científica.

La votación se saldó con 184 votos a favor y 240 en contra. La enmienda se presentó a un proyecto de ley del partido republicano que busca quitarle a la Agencia de Protección Ambiental el control sobre los gases de efecto invernadero, según cuenta Ben Geman en el sitio web The Hill.

La enmienda de Waxman, copatrocinada por los senadores Jay Inslee y Diana DeGette, pedía que el "Congreso acepte las conclusiones científicas de la Agencia de Protección Ambiental de que el cambio climático está ocurriendo, se debe en gran medida a la actividad humana y plantea riesgos significativos para la salud pública y el bienestar".
Fonte: Jornal Granma, Cuba

terça-feira, 5 de abril de 2011

Fome: desperdícios e outros motivos

Ricardo Alexius
Dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) apontam que o Brasil produz alimentos na proporção de 25,7% a mais do que seria necessário para alimentar toda a sua população.
Numa pesquisa inédita no Brasil sobre Segurança Alimentar, o IBGE divulgou, na precisa data de 17 de maio de 2006, que cerca de 14 milhões de pessoas convivem com a fome no país, e mais de 72 milhões de brasileiros estão em situação de insegurança alimentar - ou seja, dois em cada cinco brasileiros não têm garantia de acesso à alimentação em quantidade, qualidade e regularidade suficiente.
Este mesmo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística apurou também no Censo Agropecuário de 2007 que, no país do agronegócio, 2,8% das propriedades rurais são latifúndios que dominam mais da metade da extensão territorial agricultável (56,7%).
Um levantamento feito por Sérgio Porto, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), feito neste ano, mostra que das 149 milhões de toneladas da safra de grãos, 80% são de soja e milho, e outros 10% de arroz. Três produtos dominam a produção brasileira de grãos.
Não estamos falando de pesquisas caseiras trazidas à mídia por grupos de interesses escusos, mas sim de institutos de irrefutável credibilidade.
A começar pelo motivo desperdício, mais de 20% dos alimentos produzidos literalmente apodrecem antes de chegar ao consumidor, e há casos em que até 60% se perde, fruto da falta de planejamento e de escrúpulos de alguns consumistas, bem como de um transporte inadequado e ausência total de um plano de zoneamento de produção.
O atual sistema imperialista tratou de promover o sucateamento dos meios de transporte mais eficientes e com menos desperdícios, como o ferroviário, o fluvial e o naval, em prol do rodoviário, que gera mais dividendos às indústrias monopolistas do petróleo, metalurgia, borracha, asfalto e outros, apesar de colaborar com o aumento na emissão de gases.
Mas "o buraco é mais embaixo". Os detentores dos latifúndios há pouco citados vangloriam-se bradando aos quatro ventos que graças às commodityes é que conseguimos equilibrar a balança comercial. Bazófia. Causa e consequência devem ser repostas a seus lugares. Não é graças às commodityes que o Brasil exporta mais. Com a distribuição desigual de renda e a valorização do real, cresce a importação de bens para atender às camadas de maior renda, pressionando assim a conta corrente brasileira, o resultado final entre entradas e saídas. Pois este setor é que foi escolhido para "fechar" esta conta, mas não está conseguindo, uma vez que o país precisaria exportar muito.
A tendência óbvia é de crescimento do déficit, pois a produção e o mercado interno são mal distribuídos, e as classes de menor renda não conseguem suportar essa pressão.
A Rádio ONU em Nova York divulgou este mês um estudo apresentado pelo relator da ONU sobre o Direito à Alimentação, Olivier de Schutter, denominado "Agroecologia e Direito à Comida", revelando que pequenos agricultores podem dobrar a produção agrícola em apenas uma década, caso adotem práticas orgânicas.
A pesquisa, ao contrário da opinião de "lideranças pensadoras" da nossa região, evoca que as medidas funcionaram em 20 países africanos, que conseguiram 100% a mais de resultado em suas lavouras num período de 3 a 10 anos.
O relator afirmou que a agricultura convencional utiliza meios mais caros e não está preparada para as consequências da mudança climática.
Outra vez estamos a sondar fontes de renome. O programa pode ser ouvido no site da Rádio ONU em http://downloads.unmultimedia.org/radio/pt/real/2011/11030817i.rm.
Não precisamos de um "novo" Código Florestal lenhador para livrar a pátria do flagelo da fome.

Artigo publicado pelo Jornal O Paraná de 25/03/2011 http://www.oparana.com.br/Paginas/20110325/opiniao.pdf

Manteiga ou Margarina?

Ricardo Alexius
Cada vez mais forte, e de forma sinistra, alastra-se grande campanha de desinformação no Brasil e no mundo, infiltrando-se no movimento popular a mentira de que toda gordura naturalmente saturada de origem animal é nociva, para aumentar o consumo dos alimentos industrializados.
A campanha foi desencadeada pelo pavor que brota nas indústrias do agronegócio, pois os consumidores estão procurando se afastar das margarinas, óleos de soja, transgênicos, biscoitos e salgadinhos com gorduras trans.
Já entre 1920 e 1960, nos Estados Unidos, a propaganda que atribuiu crimes terríveis à manteiga fez com que seu consumo despencasse de 8,160 para 1,810 quilos por pessoa ao ano. Nesse mesmo período, as doenças cardíacas se tornaram a assassina número um naquele país. Não é preciso ser mestre em estatística...
Regiões produtoras e consumidoras de manteiga foram durante séculos no mundo a morada dos povos mais sadios, mais longevos, com as crianças mais coradas, com dentes fortes e com um vigoroso sistema imunológico.
As vitaminas A, D e E presentes na manteiga garantem o bom funcionamento da tireoide e das glândulas supra-renais, que desencadeiam papel importante no funcionamento do coração e do sistema cardiovascular. São antioxidantes, protegendo o organismo dos radicais livres que destroem artérias e estão presentes em gorduras estragadas e rançosas encontradas em margarinas e óleos vegetais poliinsaturados.
Com o consumo de manteiga, garante-se o aporte de Lecitina necessário para a perfeita assimilação e metabolismo do colesterol, que é anticancerígeno, promove a saúde da parede intestinal -- prevenindo o câncer de intestino --, protege contra microorganismos patogênicos, é antifúngico e atua no desenvolvimento do cérebro e sistema nervoso central.
O leite materno é rico em colesterol e 50% do seu valor calórico está na porção gordurosa. Felizmente ainda não está se prescrevendo leite materno desnatado aos bebês.
Não dispomos de espaço físico aqui para falarmos das benesses do Selênio, do Fator X, do ácido linoléico conjugado, do Iodo e dos glicoesfingolipídios, também presentes neste dourado produto, a manteiga.
Somente a manteiga possui o "Fator Wulzen", recentemente descoberto, que atua contra a calcificação das articulações, da artrite degenerativa, do endurecimento das artérias, da catarata e da calcificação da glândula pineal, que produz a serotonina, fator anti-estresse, o hormônio da tranquilidade. É este hormônio, quando sintético, que vicia as pessoas que ingerem antidepressivos.
A osteoporose pode estar tão presente nos dias atuais pelo fato das pessoas, mesmo apreciadoras de leite, pensarem ser o leite desnatado melhor que o integral.
Triste engano a noção de que a manteiga provoca ganho de peso. As cadeias curtas de ácidos graxos não ficam depositadas no tecido adiposo humano, mas são imediatamente usadas para produzir energia. O tecido adiposo é formado por cadeias longas de ácidos graxos provenientes do consumo de óleos poliinsaturados -- como os de soja, girassol, canola, milho, algodão -- e dos carboidratos refinados, tais como açúcar, farinha de trigo e arroz brancos.
No entanto, aqueles especialistas em nutrição ludibriados pela grande mídia continuam denegrindo a manteiga, a banha e até o abacate; e recomendam pastas cremosas fajutas até como "papinha" para bebês.
Afinal, quem se beneficia com esta guerra de propagandas? A medicina clássica? Os hospitais? A indústria farmacêutica alopática? As indústrias processadoras de alimentos?
Todos eles. Mas em especial, visando tornar estes produtos atraentes à classe alta, os processadores de alimentos e os donos do agronegócio -- com suas safras exploradas no sistema de monocultura à base de toneladas de fertilizantes químicos e agrotóxicos -- se empenham em promovê-los como alimentos saudáveis.
Seremos uns tolos se acreditarmos nisso.

Artigo publicado pelo jornal Folha de Londrina de 16/03/2011
e jornal O Paraná de 03/03/2011 http://oparana.com.br/Paginas/20110304/opiniao.pdf

É mais fácil culpar a Natureza

Ricardo Alexius
Antes do homem existir, já era verão nos trópicos. A novidade nessa roda do tempo é a ocupação desordenada das serras e das planícies nas regiões metropolitanas. A urbe se expandiu aprisionando e desprezando a natureza. O temporal desse período é que tem provocado hecatombes.
A gravidade da situação no Rio de Janeiro nunca havia atingido tais proporções. Há muitos mortos e milhares de desabrigados. O cenário é de destruição.
Não há como culpar a Natureza! Estamos diante de crimes cometidos pelo homem, a começar por prefeitos e ex-prefeitos que fazem vista-grossa ou se entregam à corrupção para permitir aos abastados a construção e o desmatamento nas encostas. Um ex-prefeito de Nova Friburgo morreu com seu filho. Azevedo e o filho estavam em um sítio atingido pelas fortes chuvas. A residência foi soterrada por pedras e lama. A Natureza é culpada por essas mortes também?
Estamos presenciando um padrão de incompetência e de olvido da questão técnica fundamental que diz respeito ao século 21, que é a questão ambiental.
Nascentes e águas foram soterradas para construir grandes cidades, onde a impermeabilização do solo ocorre sem critérios. E agora o desmatamento também já é questão crucial na ocupação do campo. O grande trator do agronegócio está deixando seu rastro de mudança climática e destruição.
Esta estória de que o Brasil é o grande centro de produção e que deve produzir commodityes para todos, e que se não ocuparmos nossas florestas haverá um grande prejuízo para mundo, é a chacota proferida pelas transnacionais no afã de conferir estrondosos lucros.
Está aí o resultado.
O Brasil continua a ser o único grande país do mundo ocidental a se recusar a uma reforma agrária de verdade e onde os setores mais reacionários, apoiados pela grande mídia, tentam criminalizar quem luta por ela. O resultado de um modelo concentrador de terras e renda, que passou diretamente das sesmarias aos latifúndios do agronegócio (do Pau-Brasil à soja) é a promoção de um massivo e criminoso êxodo rural, comprovado pelo último censo que atesta 80% da população concentrada em áreas urbanas.
Além da óbvia pressão sobre os serviços básicos, o resultado deste modelo aliado ao descumprimento das leis ambientais e de planejamento urbano pelos governos e pela sociedade leva os mais pobres (mas também a classe média e até ricos) a ocuparem áreas de preservação permanente (encostas e várzeas). Depois, sem querer questionar o óbvio (que neste caso está longe de ser ululante, como a maior parte das verdades) reduz-se tudo à fúria da Natureza e à incompetência dos governantes com medidas de prevenção.
E se depender dos representantes do latifúndio, que continuam sendo a maior bancada do Congresso Nacional, vem mais desgraça por aí, pois eles já estão conseguindo aprovar a reforma do Código Florestal, permitindo que sejam destruídas maiores áreas, incluindo as beiras de rios.
Ou seja, para os latifundiários e imobiliários interessa plantar ou edificar até onde possam lucrar, não importa que isto leve a repetidas tragédias. O lucro está acima de tudo. E todos os anos, enquanto este modelo for dominante, sempre teremos muito a sofrer e a lamentar.
A reforma agrária não é uma questão ideológica, mas de calamidade pública. O Brasil precisa de um zoneamento ambiental urgente, que ordene a política de ocupação. Com uma produção agrícola ordenada, o país não teria desperdícios, e a sua abundante produção de alimentos (comprovadamente suficiente) seria devidamente distribuída.

Artigo publicado no Jornal O Paraná de 21/01/2011 pág. 2
e no Jornal Folha de Londrina de 24/01/2011 http://www.folhaweb.com.br/?id_folha=2-1--5352-20110124